Mais um caso de violência policial comove o Brasil e escancara o abismo racial e social que ainda marca o país. Guilherme Dias, um trabalhador negro de apenas 26 anos, foi morto com um tiro na cabeça, disparado por um policial militar, na zona sul de São Paulo. O jovem, que voltava do trabalho, carregava uma bíblia nas mãos e uma marmita na mochila.
Segundo testemunhas, Guilherme caminhava pela rua quando foi abordado por uma viatura da Polícia Militar. Em poucos segundos, sem qualquer chance de reação, o PM atirou e acertou a cabeça do rapaz. O disparo foi fatal. Moradores relataram que Guilherme não esboçou nenhuma ameaça e não estava envolvido em qualquer atividade criminosa.
A cena, marcada pela brutalidade e pelo erro grotesco, gerou revolta na comunidade local e nas redes sociais. Guilherme era conhecido no bairro como um jovem calmo, religioso e trabalhador. Seu corpo foi encontrado com a bíblia ensanguentada ainda em suas mãos.
O policial responsável pelo disparo alegou que confundiu o movimento do jovem com uma possível reação hostil. Ainda assim, o PM foi preso em flagrante, mas pagou fiança no valor de R$ 6.500 e responderá ao processo em liberdade. A decisão da Justiça causou indignação entre os familiares da vítima e ativistas dos direitos humanos.
“Ele estava indo pra casa, tinha saído do trabalho. Não tinha nada de errado. Matou meu irmão como se fosse um bandido, e agora tá solto?”, desabafou a irmã de Guilherme, visivelmente abalada.
Organizações do movimento negro e entidades civis convocaram protestos exigindo justiça. Para muitos, o caso reflete o racismo estrutural e a violência desproporcional sofrida por jovens negros nas periferias do país. “Se fosse um jovem branco com bíblia e marmita, estaria vivo. Guilherme foi executado pela cor da pele”, afirmou uma representante da ONG Uneafro Brasil.
O Ministério Público abriu investigação, e a Corregedoria da PM também acompanha o caso. No entanto, a sensação entre os moradores da região é de descrença no sistema de Justiça.
Enquanto isso, a família de Guilherme chora a perda de um filho querido, trabalhador e cheio de sonhos — sonhos que foram interrompidos por um disparo covarde e injustificável.