Um estudo recente da Universidade de Liverpool, com apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), revelou uma discrepância alarmante no custo de um avanço promissor na prevenção do HIV: o anticorpo injetável de ação prolongada lenacapavir, que pode ser administrado apenas duas vezes por ano, teria um custo de fabricação estimado em apenas R$ 140 por pessoa ao ano — se produzido de forma genérica e em larga escala (5 a 10 milhões de doses por ano).
Contudo, nos Estados Unidos, onde o medicamento foi recentemente aprovado pela agência reguladora FDA (em 18 de junho de 2025), o cenário é completamente diferente. Sob o nome comercial Yeztugo, o remédio é comercializado pela gigante farmacêutica Gilead por cerca de US$ 28.218 por ano — o que equivale a impressionantes R$ 150 mil anuais, de acordo com a cotação atual.
Essa diferença brutal nos preços chama atenção de especialistas e ativistas da área de saúde pública, que denunciam o alto custo como uma barreira inaceitável ao acesso, especialmente para populações vulneráveis e países em desenvolvimento.
💰 Por que essa diferença?
Segundo os pesquisadores, o valor de R$ 140 seria viável apenas em contextos onde o medicamento fosse produzido por laboratórios genéricos e distribuído em larga escala — algo que depende de acordos de licenciamento e políticas de saúde pública. Já o preço de R$ 150 mil reflete o valor de mercado nos EUA, onde a Gilead detém exclusividade da produção e define o preço sem concorrência.
🌍 Impacto Global
O lenacapavir é considerado uma das maiores promessas na luta contra o HIV, pois oferece uma alternativa prática e eficaz à tradicional PrEP (profilaxia pré-exposição), que exige uso diário. Com aplicações semestrais, ele poderia revolucionar a prevenção do HIV em todo o mundo — se o acesso for garantido de forma justa.
🗣️ “É inaceitável que uma inovação com potencial para salvar milhões de vidas seja inacessível devido à ganância corporativa”, comentou Winnie Byanyima, diretora-executiva do UNAIDS.
A questão agora é: quando o Brasil e outros países em desenvolvimento poderão ter acesso a esse tratamento por um preço justo? A resposta depende da pressão internacional, das negociações por licenciamento compulsório e da vontade política de colocar vidas acima do lucro.