A cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo, foi palco de um grave acidente que gerou revolta e comoção: a ciclista Thais Bonatti, de apenas 30 anos, morreu após ser atropelada por um juiz aposentado de 61 anos, identificado como Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, que dirigia embriagado. O caso chocou moradores da região e causou intensa repercussão nas redes sociais devido à rapidez com que o magistrado obteve liberdade, mesmo após tirar uma vida.
O atropelamento aconteceu enquanto Thais se deslocava de bicicleta para seu trabalho como auxiliar de cozinha. Ela foi atingida violentamente e levada em estado gravíssimo ao hospital, onde permaneceu internada por dois dias na UTI. Apesar dos esforços médicos, a jovem não resistiu. Ela teve fraturas múltiplas, sofreu traumatismo craniano e morreu após uma parada cardiorrespiratória.
O exame realizado pelas autoridades apontou que o juiz aposentado apresentava forte odor de álcool, estava com fala desconexa e tinha dificuldade de coordenação motora. Esses sinais confirmaram a suspeita de embriaguez ao volante, e ele foi preso em flagrante ainda no local do acidente.
Contudo, no dia seguinte ao atropelamento, Fernando Rodrigues Júnior foi liberado mediante pagamento de fiança de R$ 40 mil, valor que indignou familiares da vítima e a opinião pública. O caso, inicialmente registrado como lesão corporal culposa, foi posteriormente reclassificado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, após o falecimento de Thais.
A dor da perda abalou profundamente a família da jovem, que destacou o papel fundamental que Thais exercia no sustento dos pais idosos. Seu irmão, inconformado, exigiu justiça e questionou a impunidade:
“Minha irmã tinha sonhos, lutava diariamente com dignidade, trabalhava em vários empregos. Um juiz bêbado destruiu tudo isso em segundos e está em casa, livre. Isso é revoltante”.
O caso levanta questionamentos sobre o tratamento dado a figuras públicas e membros do Judiciário em situações criminais, especialmente quando envolvem morte e embriaguez ao volante. Para muitos, a soltura do magistrado reforça a percepção de que a justiça não é igual para todos.
Movimentos sociais, grupos de ciclistas e organizações de direitos humanos prometem protestos e cobram punição exemplar. O Ministério Público investiga o caso e poderá pedir a prisão preventiva do acusado, além de acompanhar de perto a evolução do processo judicial.
Thais Bonatti agora se torna símbolo da luta contra a impunidade no trânsito e o caso, um alerta para os perigos da condução irresponsável — ainda mais grave quando praticada por quem deveria dar exemplo.