A morte trágica de um homem na Via Light reacendeu o alerta sobre o uso criminoso da linha chilena no Rio de Janeiro. Apenas três dias após o caso, a Polícia Civil prendeu Milson Brasil da Silva, de 53 anos, proprietário de uma fábrica clandestina do material cortante. A prisão aconteceu nesta quarta-feira (6), dentro do próprio estabelecimento, em Anchieta, na Zona Norte da capital.
Para tentar enganar as autoridades e a vizinhança, o imóvel exibia um letreiro indicando que ali funcionava uma serralheria. No entanto, o local abrigava uma linha de produção rudimentar e perigosa, com equipamentos enferrujados e insumos espalhados pelo chão.
A operação foi comandada pela 17ª DP (São Cristóvão), com base em denúncias anônimas e investigações iniciadas após a morte de Jorge Luiz da Silva, de 38 anos, atingido no pescoço por uma linha chilena enquanto trafegava de moto pela Via Light, na altura de Nilópolis, Baixada Fluminense.
Durante a ação, os agentes encontraram grande quantidade de cerol e carretéis de linha chilena já prontos para comercialização, além de máquinas e matéria-prima. Todo o material foi apreendido e será periciado.
Milson foi autuado em flagrante por crime contra a relação de consumo. Desde 2019, a fabricação, venda e uso da linha chilena e do cerol são considerados crimes no estado do Rio de Janeiro, com pena de até três anos de detenção e multa.
Segundo a Polícia Civil, a prisão é um passo importante no combate a essa prática que segue fazendo vítimas. Só em 2025, hospitais da rede municipal já atenderam 54 pessoas feridas por linha cortante, muitas delas em estado grave.
A linha chilena, feita com pó de quartzo ou óxido de alumínio, corta com facilidade carne, tecidos e até cabos de aço — um perigo mortal disfarçado de brincadeira.