O fotógrafo Alex Silva, profissional experiente e integrante da equipe de O Estado de S. Paulo, foi desligado do jornal após registrar uma imagem que ganhou grande repercussão nacional. No dia 30 de julho, durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, realizado na Neo Química Arena, Silva capturou o momento em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um gesto obsceno — mostrando o dedo médio — em direção ao campo.
A fotografia foi publicada com destaque na página principal do site do Estadão na noite do jogo, permanecendo em evidência também no dia seguinte. Além disso, ganhou espaço na edição impressa, foi contextualizada em reportagem e repercutida por colunistas. A imagem também foi distribuída pela agência Estadão Conteúdo, chegando a diversos veículos de imprensa, incluindo a CNN Brasil.
Apesar da polêmica gerada nas redes sociais e das interpretações sobre uma possível retaliação, o Estadão informou que a demissão não teve relação com o episódio. Segundo o veículo, a saída de Alex Silva ocorreu por redução de quadro na editoria de Fotografia, dentro de um processo de ajustes administrativos que já estava programado antes mesmo do jogo.
O jornal ainda ressaltou que reconhece o valor jornalístico da imagem feita pelo fotógrafo. De acordo com a nota oficial, o registro é legítimo, relevante e foi tratado com os mesmos critérios editoriais aplicados a qualquer conteúdo de interesse público.
O caso reacendeu o debate sobre a liberdade de imprensa e a importância do fotojornalismo na cobertura de figuras públicas, especialmente quando essas imagens revelam comportamentos controversos. Juristas e profissionais da área destacam que, embora autoridades também tenham direito à privacidade, o contexto — um evento público e de grande visibilidade — torna a fotografia parte de um registro de interesse coletivo.
Enquanto o ministro Alexandre de Moraes não se pronunciou publicamente sobre o episódio, o registro continua circulando nas redes sociais e sendo citado em discussões sobre postura de autoridades e transparência.
A saída de Alex Silva, portanto, se insere em um contexto mais amplo de reestruturação interna no Estadão, mas inevitavelmente ficará marcada pela coincidência temporal com uma das fotos mais comentadas do ano, que colocou em evidência tanto o poder da imagem quanto os bastidores da profissão de fotojornalista no Brasil.