O Dia dos Pais, que deveria ser marcado por celebrações e momentos de união, terminou em uma tragédia que chocou moradores de Santos, no litoral de São Paulo. No último domingo (10), a jovem Gabrielly Simões Silva, de apenas 21 anos, e sua filha Jade Caroline Simões Martins, de um ano, foram encontradas mortas ao lado de Pedro Henrique Martins dos Santos, 24 anos, sargento do Exército e marido de Gabrielly. Segundo as investigações iniciais, o militar assassinou a esposa e a filha e, em seguida, tirou a própria vida.
A Polícia Militar foi acionada e encontrou a cena no quarto da residência da família. De acordo com o boletim de ocorrência, Gabrielly estava deitada de bruços na cama, abraçada à filha, como se tentasse protegê-la nos últimos instantes. A imagem descrita pelos policiais e pela perícia deixou ainda mais marcado o aspecto dramático do caso.
O delegado João Octávio de Melo, da Central de Polícia Judiciária (CPJ), destacou a posição em que mãe e filha foram encontradas:
“Dá essa impressão de que ela estava protegendo e beijando a filha”, afirmou o delegado.
O corpo de Pedro Henrique foi localizado sentado na cama, encostado na parede, com o pescoço inclinado para o lado. Ao redor dos corpos havia marcas de sangue, reforçando a violência do episódio. A arma utilizada não foi informada oficialmente, mas a polícia trabalha com a hipótese de que tenha sido um disparo de arma de fogo.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou que o caso foi registrado como feminicídio seguido de suicídio. A investigação busca compreender as motivações que levaram o sargento a cometer o crime, embora até o momento não haja confirmação de desentendimentos prévios ou registros de violência doméstica envolvendo o casal.
Vizinhos relataram que a família parecia tranquila e que não havia sinais aparentes de conflitos. A tragédia, no entanto, reacende debates sobre saúde mental, violência doméstica e o impacto de crises emocionais não tratadas — mesmo entre profissionais das Forças Armadas, que teoricamente passam por acompanhamento psicológico.
Gabrielly era descrita como uma jovem carinhosa e dedicada à filha, que completaria dois anos em breve. Amigos e familiares ficaram em choque com a notícia, que se espalhou rapidamente pelas redes sociais e mobilizou mensagens de luto e indignação.
O caso de Santos se soma a uma preocupante estatística nacional. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra, em média, um feminicídio a cada seis horas, sendo muitos deles cometidos por parceiros ou ex-parceiros. A situação é ainda mais grave quando envolve também o assassinato de filhos, configurando crimes conhecidos como “familicídios”.
A polícia seguirá reunindo informações para concluir o inquérito. Enquanto isso, a comunidade local presta homenagens a Gabrielly e Jade, lembrando a imagem da mãe abraçada à filha como símbolo de amor interrompido pela violência.