A Polícia Federal (PF) concluiu recentemente um inquérito sobre tentativa de obstrução de Justiça e indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. O relatório final trouxe à tona informações explosivas que podem agravar ainda mais a situação jurídica do ex-chefe do Executivo e de seu filho.
Segundo a investigação, no celular de Jair Bolsonaro foi encontrado um documento em formato .docx
, intitulado “Carta JAIR MESSIAS BOLSONARO.docx”, com última modificação registrada em 12 de fevereiro de 2024. O arquivo, de 33 páginas, apresentava um pedido urgente de asilo político à Argentina, endereçado diretamente ao presidente argentino Javier Milei.
O conteúdo da minuta alegava que Bolsonaro estaria sofrendo perseguição política no Brasil, argumento utilizado como base para justificar o pedido de refúgio. A PF ressaltou que o documento foi criado apenas dois dias após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro de 2024, ação que investigou a atuação de uma suposta organização criminosa ligada a tentativas de golpe de Estado.
Outro detalhe importante revelado pela perícia é que os metadados do arquivo apontavam como autora e criadora do documento uma usuária identificada como “FERNANDA BOLSONARO”. Para os investigadores, trata-se de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro e, portanto, nora do ex-presidente.
Essa descoberta adiciona um novo elemento à investigação, indicando que pessoas próximas a Bolsonaro também teriam participado, direta ou indiretamente, da elaboração de estratégias para evitar avanços das investigações judiciais.
A PF concluiu que tanto Jair Bolsonaro quanto Eduardo Bolsonaro atuaram de forma a tentar interferir na Justiça, configurando tentativa de obstrução. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá decidir os próximos passos do processo.
O caso ganhou grande repercussão porque reforça a narrativa de que Bolsonaro já articulava alternativas para deixar o Brasil caso as investigações avançassem contra ele. O pedido de asilo a Milei — aliado político próximo — representa, segundo analistas, um movimento calculado para manter influência política mesmo fora do país.
Com o indiciamento, o futuro do ex-presidente e de seu filho passa a depender da avaliação do STF e de eventuais denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A revelação amplia a crise em torno da família Bolsonaro e coloca ainda mais pressão sobre seu núcleo político, já fragilizado por outras investigações em andamento.