Uma troca de mensagens revelada pela Polícia Federal (PF) trouxe à tona um dos episódios mais tensos envolvendo a família Bolsonaro. Em julho de 2025, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) protagonizou uma discussão acalorada com o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em que chegou a xingá-lo de forma agressiva. O conteúdo, divulgado em documentos anexados a inquéritos e revelado pelo portal Terra, mostra um conflito que mistura vaidade, divergências estratégicas e ressentimentos acumulados nos bastidores políticos.
A origem da briga
O estopim do desentendimento ocorreu em 15 de julho de 2025, quando Eduardo aconselhou o pai a não conceder uma entrevista ao portal Poder360. Segundo ele, “muita coisa estava acontecendo” nos bastidores e uma declaração mal colocada poderia atrapalhar articulações feitas por aliados nos Estados Unidos.
Na mensagem, o deputado alertou de forma categórica:
“Se vc disser algo sobre EUA que não se encaixar com o que estamos fazendo aqui, pode enterrar algumas ações.”
Apesar do aviso, Jair Bolsonaro ignorou o conselho e seguiu com a entrevista. Nela, fez comentários que, embora tenham sido interpretados como elogios por parte do público, soaram ofensivos ao filho. O ex-presidente afirmou que Eduardo “acerta 90% das vezes, 9% quando meio e 1% está errando”, ressaltando ainda que o deputado não seria “tão maduro” politicamente.
O estouro de Eduardo
A fala caiu como uma bomba para o parlamentar, que reagiu furiosamente por mensagens no WhatsApp.
Em um dos trechos mais fortes, disparou contra o pai:
“Eu ia deixar de lado o histórico do Tarcísio, mas graças aos elogios que você fez a mim no Poder360, estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende. Vtnc seu ingrato do c****.”**
Eduardo prosseguiu em tom ainda mais exaltado:
“Me f** aqui. Você ainda ajuda a se f**** aí!”**
E continuou:
“Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, porque você me joga para baixo, quem vai se f** é você e vai decretar o resto da minha vida nesta p**** aqui. Tenha responsabilidade!”**
A tensão aumentou quando Eduardo comparou a forma como era tratado pelo pai com outros líderes políticos. Em nova mensagem, escreveu:
“Quero que você olhe para mim e enxergue o Temer. Você falaria isso do Temer?”, numa referência direta ao ex-presidente Michel Temer, sugerindo que Jair não demonstrava o mesmo respeito pelo próprio filho.
O desfecho e o recuo
O embate, contudo, não terminou ali. No dia seguinte, Jair Bolsonaro enviou áudios ao filho — cujo conteúdo não foi recuperado pela PF. Eduardo também mandou uma mensagem de voz e, pouco depois, recuou. Admitiu ter “passado dos limites” e afirmou ter pedido desculpas, justificando o excesso de palavrões com a expressão: “estava puto na hora”.
Na tentativa de apaziguar os ânimos, o deputado publicou no X (antigo Twitter) uma mensagem em tom conciliador, ressaltando a importância da unidade política e pessoal ao lado do pai.
Impacto político
O episódio, apesar de pessoal, revela fissuras na relação entre Jair e Eduardo Bolsonaro, frequentemente apontado como o herdeiro político mais fiel do ex-presidente. A exposição do desentendimento alimenta especulações sobre tensões internas no clã e pode ter reflexos no futuro do grupo político, sobretudo diante da disputa por espaço com aliados como Tarcísio de Freitas.
Mais do que uma briga familiar, a troca de ofensas mostra o quanto os bastidores da política brasileira podem ser marcados por emoções intensas e estratégias que extrapolam a arena pública.