A posse de Edson Fachin como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) foi recebida como um verdadeiro “banho de água fria” para setores bolsonaristas, que aguardavam mudanças significativas no tom da Corte. Apesar da troca de comando, quem continua ocupando papel central nas articulações e interlocuções é Alexandre de Moraes, ministro que se tornou alvo constante de críticas da base do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fachin, conhecido por seu perfil técnico e discreto, chega ao comando do STF em um momento de grande tensão entre o Judiciário e a extrema direita. No entanto, a expectativa de que sua presidência enfraqueceria a atuação firme de Moraes não se confirmou. Pelo contrário: Moraes segue liderando os principais processos ligados aos ataques à democracia, incluindo os inquéritos que investigam a disseminação de fake news e os atos antidemocráticos.
Nos bastidores, especialistas apontam que a parceria entre Fachin e Moraes deve se intensificar, funcionando como uma espécie de “dupla de contenção” contra investidas que tentem fragilizar as instituições. Enquanto Fachin representa equilíbrio e serenidade nas decisões da Corte, Moraes segue sendo a voz mais incisiva, mantendo forte interlocução política e jurídica com diferentes setores do Estado.
Para aliados de Bolsonaro, o cenário é frustrante: esperavam um abrandamento das ações e encontraram a consolidação de uma linha firme no STF. Já para defensores da democracia, a combinação pode garantir maior estabilidade institucional em um momento ainda marcado por polarizações.
A mensagem que emana do Supremo é clara: a mudança de presidência não significa recuo no enfrentamento aos ataques ao Estado de Direito. Fachin assume o comando, mas Moraes permanece como protagonista das pautas mais sensíveis, assegurando que a Corte continue vigilante diante das ameaças.