Um episódio chocante e revoltante aconteceu nesta manhã no Vilar Carioca, em Campo Grande na Zona Oeste do Rio de Janeiro, envolvendo um motorista de van que presta serviço para a linha Santa Cruz. Por volta das 7h30, cinco passageiras embarcaram normalmente, mas o que era para ser apenas mais um trajeto rumo ao trabalho se transformou em um pesadelo de humilhação e violência verbal.
De acordo com uma das vítimas, que preferiu não se identificar, o motorista, um jovem de aproximadamente 30 anos, começou a coagir os passageiros a pagarem a passagem rapidamente, sob a alegação de que precisavam desembarcar “no horário”. Até aí, segundo a passageira, parecia apenas um comportamento rude. O problema se agravou quando o condutor acelerou de forma perigosa, disputando espaço na faixa do BRT e ignorando sinais de trânsito, colocando em risco todos os presentes.
O que deveria ser apenas um trajeto até a rodoviária se tornou um verdadeiro pesadelo. Em vez de seguir o itinerário correto, o motorista desviou o veículo para o estacionamento do ponto final, antes do supermercado Guanabara, sem qualquer aviso aos passageiros. Ao questionarem o motivo do desvio, as mulheres foram alvo de uma série de ofensas verbais e xingamentos.
“Ele começou a nos esculachar de várias formas, dizendo que o carro era dele e que era do jeito dele. Não parou por aí: xingou todas nós e ainda nos mandou nos ‘f***r’”, relatou a passageira. A situação se tornou tão constrangedora que, mesmo indo trabalhar, elas se sentiram humilhadas e impotentes diante da postura agressiva do motorista.
Especialistas em transporte e direitos do consumidor alertam que casos como este não são apenas indelicadeza: configuram assédio verbal e abuso de poder por parte do motorista, que tinha a obrigação de conduzir o serviço com segurança e respeito aos passageiros. “O passageiro tem direito à integridade física e psicológica durante o transporte público ou alternativo. Situações de agressão verbal, principalmente direcionadas a mulheres, não podem ser ignoradas”, afirma a advogada especialista em direitos do consumidor, Mariana Teles.
Ainda segundo a passageira, a experiência foi traumática. Ela destaca que a sensação de vulnerabilidade e humilhação é agravada por ser mulher: “Mais com mulheres foi muito fácil, né? É revoltante pensar que estamos indo trabalhar e passamos por isso. É violência, é vergonha, é humilhação.”
O episódio deixa uma reflexão urgente sobre a segurança e o respeito no transporte alternativo no Rio de Janeiro. Passageiras relatam que episódios de conduta agressiva não são raros, mas raramente têm visibilidade. Denúncias, segundo especialistas, são fundamentais para coibir abusos e proteger os usuários.
A linha Santa Cruz, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. A passageira afirmou que não deseja ser identificada, mas espera que o episódio sirva de alerta para que outras mulheres e passageiros não passem pela mesma humilhação.
O que era para ser uma viagem comum terminou em medo, revolta e indignação, lembrando a todos que o respeito no transporte coletivo é um direito, e não um favor.