A hora de ficar calado
A opinião de cada pessoa interessa a ela, a alguns que a seguem, a outros por razões que a própria razão desconhece e aos críticos pelo simples prazer de criticar ou fazer oposição para dizer “sou diferente”. É aí que começa uma grande falha da humanidade, algumas pessoas são diferentes por quererem chamar atenção, se dizerem de personalidade forte para aparecer na multidão ou simplesmente ser contra tudo, todos, contestar o que é ou não, para poder ser algo, que não sabe outra forma de fazê-lo.
Dar a opinião, ser contrário necessariamente tem que ser baseado em fatos, evidências ou pelo de posse de informações, que fazem parte de um universo não publicável ou divulgável, porém, que embase, de segurança em algo que se lance como opinião contrária. Pior, é estar do lado do errado, saber que defende algo indefensável, entretanto, para não admitir o erro de opinião, escolha ou preferência, morre abraçado a algo que tangencia o tragicômico.
Quando caminhamos pelo plano político estes fatos chegam à beira do ridículo, com posições loucas, onde pessoas utilizando-se de notícias inverossímeis, sem qualquer fundamentação, ofendem, acusam, tentam negativar o perfil de outras única e exclusivamente porque fizeram um escolha errada, ou melhor, absurdamente errada e não admite, pois, crê na hipótese de que outros a achariam acéfala, incapaz por um erro tão comum e fácil de ser cometido, quando os políticos de seus país, na grande maioria são vendedores de sonhos, transgressores de todos as leis e direitos e escudados por leis que caducaram, saíram do contexto, porém, valem como se tivessem sido elaboradas e tornadas válidas nos dias atuais.
Assusta-me ver pessoas colocarem no face que um determinado político falou isso e aquilo numa reunião na noite anterior em Brasília, quando você sabe que o mesmo não sai do rio de Janeiro a três dias. Outros colocam que fulana é favorável a isso e aquilo, quando se sabe que o referido político está criando uma lei contra tudo aquilo que a pessoa se referiu como prática do mesmo. Enfim, não sei se é falta do que fazer, se é total desconhecimento dos fatos, se é maldade o que vem acontecendo, pessoas que postam certas coisas, fazem determinados comentários, todos pingando sangue que se tirou das vítimas, ou objetos de comentários desairosos, como se suas respetivas carótidas estivessem a disposição dos que se limitam a falar, sem qualquer apuração de fatos.
Toda esta introdução, longa, cansativa, porém, necessária para que todos entendam a real intenção do que descrevo a seguir, não é reparo ao comportamento de ninguém, não é conserto a qualquer falha das pessoas, plenas de direitos em se manifestarem ou emitirem uma opinião qualquer.
O dia a dia de nossa cidade seguido dos noticiários noturnos ou em qualquer outro horário, pois, atualmente o temos até pelas madrugadas, mostra um sequência de policiais e civis, pais de famílias ou arrimos das mesmas terem suas vidas ceifadas por reagirem, por não reagirem, por darem rapidamente o objeto de roubo, por demorarem a entregar, enfim, por quaisquer motivos, ocasiões ou situações diversas, tombam pessoas, deixam de fazer parte de uma quantidade de seres humanos, para transformarem em traços estatísticos. Independente de serem médicos, engenheiros, administradores, varredores ou balconistas, motoristas ou garagistas, os direitos humanos são para todos e não deveríamos fazer campanhas para tal, apenas praticarmos. Praticarmos em todos os sentidos,
Quantas famílias, com dois, três ou mais filhos, quantas grávidas ou recém-mamães perdem seus heróis, perdem seus defensores dos direitos humanos, perdem suas referências, ficam sem saber como será o dia seguinte. Enfrentam a partir daí uma maratona, para que parte de um soldo defendido a lágrimas, suor e sangue, possam chegar à sua família e continua-la com a mesma honra que os tombados faziam.
A morte da figura humana e cidadã Marielle não é nada de especial como alguns querem fazer ser, é sim, mais um número nas estatísticas que se junta aos país de família policiais, ao pai de família que tomba diante do filho de cinco anos, que se debruça sobre o corpo do pai e do alto de seus cinco aninhos diz: “Meu paizinho está morto”. É aí, neste grupo de pessoas, seres humanos que a senhora Marielle se junta, passando de uma cidadã a mais uma vítima desta sociedade da qual fez parte, pagando seus impostos, cumprindo suas obrigações, levantando-se para trabalhar, como vários outros daqueles que tombaram no exercício de suas funções.
Antes de qualquer coisa é necessário que se faça um programa especial, principalmente pela Rede Globo e a Globo News em memória dos policiais que tombam diariamente em defesa dos mesmos direitos que se diz serem defendidos pela Sra. Marielle, que teve programas especiais em sua memória. É preciso que se deixe de tentar transformá-la em herói, pois, nem os policiais eram heróis, cumpriam suas obrigações, nem esta senhora o é, pois, se assim o for, teremos heróis morrendo em macas no chão esperando por socorro, heróis que dormem nas filas tentando arrumar vaga para seus filhos em escolas públicas, heróis que viajam diuturnamente socados em diferentes meios de transportes, alguns e algumas sendo incomodados até mesmo de formas violenta e transgressiva.
Acusar de tantas coisas que alguns a acusam é perder uma grande oportunidade de saber a hora certa de calar a boca, pois, se era para fazê-lo, que o fizesse quando viva ainda fosse, pois, debruçar sobre os restos mortais com palavras vis e demonstrar a total incapacidade de ser cidadão. Pior, é que alguns que se dizem grandes amigos, fazem dela uma bandeira para melhor se houver nas eleições que se aproxima. Coloquem a mão na consciência e aproveitem a grande oportunidade de saber que está NA HORA DE FICAR CALADO.
Arnaldo Menezes