Um paciente canadense de 27 anos recentemente foi responsável por um grande enigma médico.
Ele se apresentou a um pronto-socorro com um caroço estranhamente doloroso e pulsante em sua palma direita, relatando também dores abdominais, seis semanas de febre, sudorese noturna, perda de apetite e peso, segundo informações da Science Alert.
Os médicos, que mais tarde relataram o caso ao New England Journal of Medicine, imediatamente iniciaram uma série de exames que revelaram um preocupante problema cardíaco e quantidades anormalmente altas de glóbulos brancos. Após uma inspeção mais detalhada do coração, por meio de um ecocardiograma, os médicos encontraram uma grande massa bloqueando parcialmente a válvula aórtica do paciente.
Tomografias computadorizada mostraram que o nódulo misterioso era na verdade um aneurisma micótico da artéria ulnar – um dos principais vasos sanguíneos da mão – e que o tecido do baço, bem como um de seus rins, haviam morrido devido à falta de oxigênio.
Em conjunto, os sintomas apontavam para um caso de endocardite infecciosa, uma condição que surge quando as bactérias que circulam pela corrente sanguínea se ligam ao revestimento das válvulas cardíacas em aglomerados chamados de vegetações valvares. Essas vegetações podem se romper e atravessar as artérias, ficando presas e formando o que é chamado de aneurisma, ao passo que, bolsas menores de infecção são distribuídas pelo o corpo, instigando o sistema imunológico a entrar em ação, o que leva a sintomas semelhantes aos de uma gripe.
Quando uma amostra de sangue foi colhida do paciente, os médicos descobriram a presença de uma cepa da bactéria Streptococcus, comumente encontrada na boca. Eles desconfiavam que o paciente teria desenvolvido a infecção potencialmente mortal devido a uma má higiene bucal (mal uso de fio dental) ou procedimentos odontológicos (canais), o que poderia ter transportando espécies de bactérias, até então inofensivas, até o trato digestivo. Uma vez lá, elas foram levadas até ambientes onde conseguiram causar danos reais.
Pessoas com defeitos cardíacos congênitos, ou que possuem implantes cardíacos, estão em um risco muito maior de desenvolver a infecção, devido a anatomia incomum do tecido cicatricial ou dispositivos médicos que permitem que as bactérias se unam às suas válvulas com mais facilidade.
No caso do paciente canadense, a situação envolvia um histórico de gengivas negligenciadas e um procedimento odontológico recente. Além disso, ele vivia com uma irregularidade cardíaca leve e não diagnosticada: sua aorta tinha apenas duas válvulas, ao invés de três.
Ele passou por cirurgias para substituir a aorta e reparar o aneurisma ulnar, além de um ciclo de antibióticos. É dito que o paciente se recuperou totalmente, embora no futuro, sua condição exija que tome antibióticos antes de ir ao dentista.