Um colaborador de um vereador do Rio de Janeiro que foi ouvido pela polícia no
inquérito que apura as mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista
Anderson Gomes foi assassinado. A polícia investiga se a vítima tinha algum tipo de
ligação com milícias e se os crimes têm alguma ligação.
O corpo de Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, foi encontrado por policiais militares
na noite de domingo (8) na Estrada Curumau, na Taquara, na zona oeste do Rio de
Janeiro. Ele estava dentro de um carro que tinha marcas de tiros.
Carlos Pereira era colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS), que foi ouvido
na última sexta-feira (6) como testemunha no inquérito que apura a morte da
vereadora do PSOL na noite do dia 14 de março.
Uma equipe da Delegacia de Homicídios da capital fez uma perícia no local e apura
as circunstâncias da morte. Uma das linhas de investigação é que o crime possa
estar relacionado à ação de milícias – grupos formados por ex-policiais e criminosos
que cobram taxas de “proteção” e controlam serviços básicos em favelas do Rio.
O secretário da Secretaria Pública do Rio, general Richard Nunes, deve se reunir
com policiais da Delegacia de Homicídios nesta segunda-feira (9) para tratar do
caso.
Procurado, o vereador Marcello Siciliano lamentou a morte do colaborador. “Foi com
grande pesar que recebi a notícia de falecimento do nosso colaborador Carlos
Alexandre Pereira. Durante o tempo em que esteve conosco, fez tudo pela sua
localidade e estava sempre disponível para ajudar no que fosse necessário”
“Me solidarizo com a dor dos familiares e amigos. Podem contar comigo para ajudar
no que for preciso”, disse o parlamentar em nota.
Segundo informações da assessoria do vereador, apesar de Pereira se identificar
como assessor parlamentar de Siciliano, ele era um líder comunitário. A função dele
era ouvir os moradores, identificar problemas na região e levar as informações até o gabinete na Câmara dos Vereadores para que o vereador pudesse intervir em
melhorias para a região.
Depois que prestou depoimento à polícia no caso Marielle na sexta-feira (6),
Siciliano afirmou:
“Todos os vereadores foram chamados a vir aqui. Estou à disposição. A Marielle era
uma pessoa da qual eu gostava muito. Sinto muito a perda dela e torço para que
esse caso seja esclarecido”, afirmou ao deixar a delegacia na Barra da Tijuca, na
zona oeste.
Além dele, outros parlamentares prestaram depoimento na delegacia especializada.
O vereador Jair Mendes da Rocha (PMN) compareceu à delegacia na quinta-feira
(5). Antes de entrar na delegacia, ele destacou que estava lá na condição de
testemunha. “Que seja elucidado isso aí, que o que aconteceu com ela foi uma fatalidade e muita
gente está sendo acusada. Com certeza todos nós [vereadores] temos que ser
investigados, como cada cidadão que compareceu naquele local no dia do crime”,
disse aos jornalistas.
Ninguém foi preso
Quase um mês após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson
Gomes, ninguém foi preso. As investigações estão sob sigilo. No entanto, segundo
fontes da Delegacia de Homicídios, as investigações apuram o envolvimento de
milicianos no crime.
Imagens do circuito interno e externo de segurança da Câmara dos Vereadores no
Centro do Rio foram recolhidas por uma equipe da especializada. O objetivo é
identificar as pessoas que entraram e saíram da Casa no período.
Dias antes de ser morta, Marielle Franco havia feito críticas públicas à atuação do
41º Batalhão da PM, envolvido em operações violentas principalmente na região de
Acari.