Marcus Vinícius dos Anjos Figueiredo Novaes, de 36 anos, trabalha como motorista de ônibus numa linha que faz o trajeto Paciência-Santa Cruz, operada pela empresa Transporte Campo Grande. No ano passado, ele sofreu um acidente no trabalho e, desde então, é acompanhado por um psiquiatra e faz uso de medicamento controlado. Ele foi um dos 159 presos num sítio durante operação da Polícia Civil e é acusado de ser miliciano. Desde o dia 7, quando foi detido, Marcus Vinicius parou de tomar o medicamneto.
— Ele tem crises de choro, dorme muito mal, tem dias que nem consegue dormir. Por isso, estamos apreensivos com o que ele está vivendo dentro da cadeia — diz sua mulher, a dona de casa Jaqueline Machado de Araújo, de 42 anos, com as embalagens do antidepressivo Alprazolan nas mãos.
Jaqueline conta que é fã de uma das bandas do evento e foi ao show com o marido. Quando a polícia chegou, ela diz que o foi tirado de perto delas, que ficaram num lugar no qual só havia mulheres. Desde então, elas não viram mais Marcus Vinícius.
— Queria ver fazer esse tipo de operação em Copacabana ou na Barra. Lá tem muitas festas como esta. Só que, em Santa Cruz, só mora pé rapado. Aqui eles podem fazer isso — desabafou o gari João Luiz Novaes, 59 anos, pai de Marcus Vinícius.
Outro motorista de ônibus também foi preso na ação: Jefferson Mesquita Fortunato, de 25 anos, funcionário da empresa Ocidental. As tias de Jefferson guardam as mensagens de áudio que ele enviou pelo WhatsApp por volta das 7h da manhã do dia 7. Jefferson achou que estava sendo levado para averiguação e que seria solto logo depois.
“Tava num pagode, no Swing & Simpatia, aqui em Santa Cruz, e a polícia chegou atirando. Quem tá vivo está sendo levado para a delegacia. Estou bem”, disse ele, que tem várias fotos em seu perfil no Facebook dirigindo ônibus. “Na vida, tudo é passageiro, menos o motorista”, postou Jefferson na legenda de uma das imagens.
— Quando recebi a mensagem pelo celular, quase desmaiei. Ele mora com um filho de 3 anos, que sente muita falta dele. É muito injusto — conta Tatiana Abreu, filha de Jefferson.