A retomada dos trabalhos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), com a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), já traz reflexos para a cadeia nacional de fornecedores, que passou os últimos anos muito carente de novos negócios.
Uma das empresas que já fechou contrato relacionado ao projeto é a EBSE, que irá fabricar spools (tubos normalmente soldados a uma ou mais conexões) em sua fábrica, no Rio de Janeiro. Além disso, a companhia também espera fornecer tubos emergenciais acima de 12 polegadas para o Comperj, com propostas interessantes e competitivas em relação às empresas estrangeiras. O gerente comercial da EBSE, Alexandre Braga, explica ainda que existe a expectativa de entrega de vasos de pressão para a linha do flare da refinaria.
Com os caminhos em óleo e gás sendo traçados, a EBSE também volta seus olhos para outros segmentos da economia. A empresa fabrica atualmente tubos de grandes diâmetro para uma adutora para a CEDAE, no Rio de Janeiro, e busca participar do projeto da construção das novas corvetas da Marinha do Brasil. Para isso, se associou a uma empresa russa e agora vive a expectativa de participar deste grande projeto.
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Quais são as perspectivas atuais da empresa com o mercado de óleo e gás?
O que temos acontecendo no mercado são as obras do Comperj, na UPGN. Como sabemos, foi contratado um consócio chamado KM, a partir da união da chinesa Kerui com a brasileira Método Potencial. Esse consórcio vai contratar uma quantidade considerável de equipamentos, que deverão ser montados e instalados. Para isso, vai ser necessária uma quantidade expressiva de tubulações industriais. A informação que temos é que a maioria dos materiais serão adquiridos na China. Mas o que poderá acontecer para as empresas brasileiras é a contratação de serviços, alguns feitos na fábrica e outros no canteiro de obras.
E o como a EBSE participará das obras no Comperj?
No caso dos serviços feitos na fábrica, assinamos um contrato com o consórcio KM para pré-fabricação de tubulações. É um contrato ainda genérico, guarda-chuva, para fabricar spools em nossa fábrica no Rio de Janeiro. Deste contrato, podemos ter desdobramentos na contratação de alguns tubos emergenciais que vão trazer algum benefício para o empreendimento, principalmente no tocante aos prazos de entrega.
Neste caso, poderia detalhar como a contratação local seria mais vantajosa?
A compra na China pode ser, algumas vezes, mais barata. Sendo que demanda um prazo de entrega razoável. Nós acreditamos que neste momento em que o dólar está com a cotação bastante alta no Brasil, podemos fazer propostas muito interessantes para o consórcio para fabricação de tubos acima de 12 polegadas aqui no País. Desta forma, essa conjunção do prazo de entrega com o momento econômico do Brasil, podemos sim ter propostas interessantes para este projeto.
Em quais outros projetos dentro de óleo e gás que a EBSE planeja atuar?
Aliado ao Comperj, existem outras obras que são necessárias para que a UPGN possa funcionar. Como, por exemplo, a linha do flare. É uma obra já licitada e vencida por uma empresa de Minas Gerais. Dentro do escopo dessa companhia, existe o fornecimento de alguns vasos de pressão. Estamos em contato direto com essa empresa mineira para viabilizar a venda desses equipamentos. São vasos de pressão de grandes dimensões que podem se tornar em um contrato interessante para a EBSE.
E quanto a outros mercados? Quais são as prospecções em andamento?
A Marinha do Brasil está com processo de compra para quarto corvetas, um navio militar que será usado para patrulhar a costa marítima do país e também a bacia hidrográfica da Amazônia, bem como as plataformas de petróleo. Nós fizemos uma associação com a empresa russa Rosoboronexport, que é um braço do governo da Rússia responsável por exportação. No caso, eles tem uma tecnologia muito grande no projeto e na concepção de construção dessas embarcações. A EBSE se associou a eles para fazer propostas competitivas e vir a fornecer esses equipamentos. São quatro corvetas, sendo a primeira construída fora e as demais fabricadas no Brasil com conteúdo local mínimo de 40%. Com essa parceria, poderemos fazer todo o fornecimento de mão de obra e administração de contratos nacionais. É um grande projeto. A primeira fase concorrência está marcada para o dia 18 de junho, quando serão selecionadas três empresas para uma segunda etapa, que será mais técnica.
Além do mercado de defesa, existe outro setor que desperta interesse?
Estamos com um projeto, que ganhamos no final do ano passado, para fabricação de tubos de grandes diâmetro para adutora do Novo Guandu, que está sendo instalada pela Cedae para ampliar o fornecimento de água para a Baixada Fluminense. Temos uma quantidade expressiva de 13 km de tubos de grandes diâmetro e a esperamos concluir essa encomenda até agosto ou setembro. Hoje, temos mais de 60% do contrato já performado.
A EBSE participa de muitas outras concorrências, mas a economia está paralisada. O processo de procura continua grande, mas a efetivação dos projetos na prática é adiado. Por exemplo, estamos participando de uma concorrência para fornecimento de equipamentos para Petrobrás, em uma nova base de operação do pré-sal. Dentro desse escopo, existem alguns equipamentos, como bobinas para tubos flexíveis, apresentando propostas para algumas empresas para o fornecimento dessas bobinas.