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Seis meses após iniciar um monitoramento específico de boatos e informaçőes falsas nas redes sociais, o Ministério da Saúde já identificou 185 focos de fake news na internet, ou seja, temas de saúde que têm sido alvos de diversas publicaçőes com dados incorretos ou evidências científicas inexistentes. Preocupado com o impacto dessas mentiras para a saúde pública, o órgăo anunciou nesta quarta-feira, 19, novas açőes no combate aos boatos.
A primeira é uma campanha cuja veiculaçăo começa nesta quinta-feira, 20, nas páginas do ministério no Facebook e no Twitter, com vídeos e peças gráficas mostrando os riscos de acreditar em informaçőes repassadas pela internet. A campanha tem como alvo os pais que estăo deixando de vacinar os filhos por causa de boatos repassados na rede sobre supostos riscos dos imunizantes.
Segundo Gabriela Rocha, coordenadora de redes sociais do ministério, as vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicaçőes monitoradas pela equipe da pasta. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgăo tinham como alvo a vacinaçăo. Tem destaque nesse grupo boatos sobre os supostos riscos da vacina contra o HPV, que protege contra o vírus que causa o câncer de colo de útero.
“Combater as fake news é uma questăo de saúde pública. Sabemos que entre os fatores que influenciaram a queda na cobertura vacinal no País estăo essas informaçőes erradas disseminadas pela internet”, disse.
Reconhecido internacionalmente, o programa de imunizaçăo brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o País neste ano após os índices de cobertura vacinal caírem em 2017. O quadro motivou uma campanha iniciada em agosto e finalizada na última sexta-feira.
Fazem parte ainda da lista das fake news mais difundidas: supostos alimentos “milagrosos” contra doenças, falsa cura para o diabete e formas bizarras de transmissăo de HIV, como o consumo de bananas contaminadas, o que é inverídico.
A equipe do ministério monitora 7 mil publicaçőes diariamente em busca de fake news. Além do acompanhamento iniciado em março, o ministério criou, há um mês, um canal de WhatsApp que recebe consultas de cidadăos que buscam saber se determinada notícia divulgada é verdadeira ou falsa.
A informaçăo é verificada e devolvida ao usuário com um dos dois seguintes selos: se for falsa, ganha o aviso: “Ministério da Saúde adverte: isto é fake news! Năo divulgue”. Se a informaçăo estiver correta, o selo traz a seguinte mensagem: “Ministério da Saúde adverte: esta notícia é verdadeira. Compartilhe!”
Em apenas um mês de existência, o WhatsApp do ministério, que funciona como um fact-checking, já recebeu 1.597 consultas, das quais 310 traziam publicaçőes identificadas como fake news. Além de textos com erros e links de notícias falsas, estăo entre as mensagens fraudulentas áudios enviados por alguém se passando por médico ou enfermeiro e divulgando informaçőes sem embasamento.
As consultas ao WhatsApp Saúde Sem Fake News podem ser feitas por meio do número (61) 9-9289-4640. Todos os boatos desmentidos podem ser acessados no site saude.gov.br/fakenews.
Segundo Gabriela, o próximo passo da força-tarefa contra as mentiras será criar uma lista de distribuiçăo no WhatsApp para difundir de forma massiva as checagens feitas para todos que se inscreverem no canal e năo apenas para quem enviou a consulta. A lista será criada após as eleiçőes, pois a lei eleitoral impede que órgăos públicos divulguem informaçăo espontaneamente no período de campanha.
Alerta mundial
Os danos das notícias falsas para a saúde pública năo preocupam apenas as autoridades brasileiras. Nos EUA, o Centro de Controle de Doenças investe em publicaçőes nas redes sociais e numa rede de alertas de saúde voltados para médicos. A cada novo evento em saúde relevante, como um surto, os profissionais de saúde recebem um comunicado curto por e-mail alertando sobre o fato e, quando possível, com orientaçőes do que fazer. “O importante é agir constantemente, trabalhando com parceiros: desde os médicos até líderes comunitários ou religiosos que tenham credibilidade nos seus determinados grupos e possam disseminar a informaçăo correta”, disse Amy Rowland, líder de mídia e relaçőes públicas do Centro de Saúde Global do CDC.
Para Luiza Silva, professora da Faculdade de Comunicaçăo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as autoridades sanitárias no mundo estăo começando a ficar mais alertas para os riscos das fake news para a saúde pública e a enxergar que năo basta combatê-las apenas com notas nos sites oficiais ou comunicados técnicos. “É um passo excelente que os órgăos despertem para esse caráter de epidemia que as fake news têm. Assim como as doenças, essas informaçőes erradas viralizam, contagiam e precisam ser combatidas com rapidez.” As informaçőes săo do jornal O Estado de S. Paulo.
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Fonte: Brasil