Moradores do entorno da avenida Indianópolis, no Planalto Paulista (zona sul de SP), cansados de conviver com a prostituição na região, resolveram espalhar faixas pelas ruas do bairro ameaçando divulgar nas redes sociais as placas dos veículos dos clientes das garotas de programa que trabalham no local. O caso foi revelado pela Folha de S. Paulo.
Na avenida Indianópolis, uma das principais da cidade, duas faixas, uma em cada sentido, dão o tom das ameaças: “Basta de pornografia em nossas ruas, estamos divulgando as placas nas redes sociais”.
A SAPP (Sociedade dos Amigos do Planalto Paulista), diz que não endossa as faixas e que a única preocupação é com a segurança do bairro. “Não temos nada a ver com a divulgação das imagens”, afirmou Reinaldo Silva, um dos membros da associação de moradores. A intimidação, segundo as profissionais do sexo, tem dado resultado. “Antes das faixas, eu fazia cinco programas por dia. Hoje, faço um ou dois”, reclama a travesti Elisa (nome fictício).
As prostitutas são unânimes em afirmar que, se forem expostas, podem ir à Justiça. “Não faço programa na rua. Se a minha imagem for divulgada, vou entrar na Justiça”, afirma Michelle, prostituta há dez anos na região.
O advogado Alexandre Zavaglia, diretor do IDP (Instituto do Direito Público) em São Paulo, afirma que a exposição das imagens pode levar a um processo judicial. O ideal, de acordo com ele, é deixar o caso com a polícia. “Não cabe aos cidadãos fazer o pré-julgamento. Tem que levar as imagens para as autoridades competentes”, afirma o advogado.
A Secretaria de Segurança Pública, sob gestão Márcio França (PSB), disse por meio de nota que a Polícia Civil não registrou nenhum caso recente envolvendo ato obsceno ou atentado violento ao pudor na região.