[ad_1]
Ao longo do mês, os principais monumentos do país ganharăo uma nova cor. Com 10 anos de existência, o Outubro Rosa volta para ressaltar a importância da prevençăo e do diagnóstico precoce no combate ao câncer de mama, com açőes simultâneas no país, incluindo a iluminaçăo de prédios públicos com a tonalidade que marca a campanha. Distrito Federal, Săo Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul săo algumas unidades da Federaçăo com programaçăo prevista.
O tema de 2018 volta-se à formaçăo de redes de apoio. Com a frase #CompartilheSuaLuta, a campanha tem como objetivo mostrar que pacientes e familiares podem encontrar suporte e informaçőes em organizaçőes năo governamentais (ONGs) e junto a outras pessoas que, por terem enfrentado a mesma luta, entendem bem dessa realidade. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima 59,7 mil novos casos de câncer de mama no Brasil em 2018.
A partir de hoje, o aplicativo MAMAtch, que faz parte da campanha, estará disponível para ser baixado. O nome, uma referência aos apps de relacionamento, é, contudo, voltado ao universo do câncer de mama. Ao criar o perfil, é possível selecionar a categoria do usuário (paciente, familiar, profissional de saúde, ONG, entre outros). Na navegaçăo, também pode-se tirar dúvidas com um atendente virtual da Federaçăo Brasileira de Instituiçőes Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), encontrar a instituiçăo de apoio mais próxima e receber notificaçőes referentes a novidades, direitos e formas de se engajar com a causa.
Persistência
A cabeleireira Suzana Gonçalves de Oliveira, 47 anos, descobriu o câncer de mama em 2013, cinco meses depois de ter se submetido à mamografia. “Eu tinha feito o exame de mama e estava tudo certo. Alguns meses depois, quando eu estava tomando banho, senti um carocinho bem pequeno no seio e no mesmo dia comuniquei à minha mastologista”, conta Suzana. A médica descartou a possibilidade de ser um nódulo maligno, mas, por precauçăo, a cabeleireira decidiu fazer o exame novamente. Foi quando confirmou a doença.
“Eu fiz primeiro a quimioterapia. Depois, retirei a mama e comecei o tratamento com a radioterapia”, relembra Suzana. Com 10 dias de tratamento, o cabelo começou a cair. “Eu năo sofri muito com a queda do cabelo. O pior momento da doença foi o tratamento com a quimioterapia, que desgasta muito o nosso corpo e deixa a gente mole, desanimado, sem conseguir fazer nada”, analisa. No ano passado, ela descobriu um nódulo no pescoço, e o diagnóstico, novamente, năo foi favorável. “O câncer tinha voltado”, conta. Mas ela afirma que segue esperançosa e năo desistirá de lutar. “Eu tenho muita fé, e o câncer só serviu para me fazer dar mais valor à minha vida”, esclarece. “Independentemente de onde seja o câncer, eu gostaria de dizer para as pessoas que estăo passando por isso que tenham fé”, aconselha.
De acordo com o diretor da unidade de câncer de mama do Inca, Marcelo Bello, năo existe uma prevençăo primária. “Existe a secundária, que é a mamografia”, explica. “A recomendaçăo é de que ela seja ofertada para mulheres de 50 a 69 anos. Mas, quanto maior o seu histórico de câncer de mama na família, mais cedo a prevençăo é indicada”, destaca. Ele acrescenta que a melhor forma de diagnóstico é conhecer o próprio corpo e se atentar a sinais como secreçăo nos seios com sangue ou sem cor, nódulos ou retraçăo nas mamas. “A gente năo indica tanto o autoexame, porque pode ser muito subjetivo. Mas conhecer o próprio corpo é fundamental para evidenciar os primeiros sintomas”, afirma.
A dona de casa Telma Cristina Saraiva, 44 anos, teve um tumor na mama em 2014. A partir de entăo, outras três vezes ouviu diagnóstico semelhante: em 2015, quando a doença atacou a outra mama; em 2016, no intestino; e, no ano passado, o do cólon retal. Ainda em tratamento, ela conta que a caminhada năo foi apenas de sofrimento. “Quando menos esperava, minha filha me inscreveu no concurso de miss bariátrica e acabei ganhando o troféu de miss superaçăo”, conta ela, animada. A premiaçăo, explica, a fez enfrentar a trajetória com outro olhar. “O concurso foi tăo importante que me fez enxergar que a minha história de superaçăo pode ajudar outras pessoas”, acrescenta.
Fatores de risco
Segundo o oncologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) André Murad, o câncer de mama é multifatorial. A hereditariedade é responsável por 15% a 17% de incidência da doença. “Algumas pessoas nascem com algumas mutaçőes de genes nas células da mama, o que as torna mais propensas ao câncer”, explica. Outro fator preponderante para o desenvolvimento da doença săo as condiçőes comportamentais, como obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de álcool, carne vermelha, enlatados e alimentos industrializados.
Marcelo Bello, do Inca, conta que, a cada dia, as intervençőes médicas se tornam mais individualizadas. “Há 20 anos, todo paciente com câncer de mama era tratado do mesmo jeito. Hoje em dia, năo. Avaliamos o tumor, identificamos as características e, a partir daí, traçamos uma estratégia de tratamento.” De acordo com o oncologista, as terapias para o câncer de mama văo desde quimioterapia e radioterapia até inovaçőes, como a terapia alvo, que ataca diretamente as células comprometidas, até a hormonoterapia, que utiliza hormônios no tratamento. André Murad destaca que a retirada de mama está se tornando cada vez menos comum entre as pacientes “A gente tenta fazer uma cirurgia conservadora para năo tirar a mama toda e é cada vez mais raro a dissecaçăo da axila. Quando esses procedimentos săo feitos, logo em seguida a gente faz a reconstituiçăo”, explica.
Inspiraçăo pessoal
No Brasil, a Fundaçăo Laço Rosa lidera uma série de açőes no mês de prevençăo do câncer de mama. Neste ano, auxiliará com a iluminaçăo do Cristo Redentor, que, em 2018, recebe a cor rosa em 2 de outubro. Segundo a fundadora, Marcelle Medeiros, a fundaçăo é fruto de uma história pessoal. “Aos 32 anos, minha irmă mais nova teve câncer. Em 2007, năo tinha muito conteúdo em português sobre o assunto, e a gente viu como éramos privilegiadas por ter acesso a esse tipo de informaçăo. Entăo, decidimos criar uma instituiçăo que compartilhasse um conteúdo seguro”, conta. Hoje, ela conta que mais de 6 mil pessoas foram beneficiadas.
* Estagiária sob a supervisăo de Paloma Oliveto
[ad_2]
Fonte: Brasil