Em busca de verba para bancar os principais projetos do próximo mandato, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), investiu em reuniőes em ministérios e em outros órgăos do governo federal nas três primeiras semanas de transiçăo. Só nesta semana, ele se encontrou com ministros de Minas e Energia, Saúde e Cidades. Ontem, foi anfitriăo de um fórum com 19 governadores eleitos nas últimas eleiçőes. O futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL) participou do evento e sentou-se ao lado de Ibaneis. Na pauta, estavam o pedido de apoio do governo federal e a definiçăo de pautas em comum entre as unidades da Federaçăo.
Relatório anual do Tesouro Nacional divulgado nesta semana mostrou que o DF gasta 55% do que arrecada com a folha de pagamento de servidores. Entre as principais propostas de campanha de Ibaneis estava o reajuste salarial de 32 categorias, promessa que ele pretende cumprir. Para fazer isso sem aumentar impostos e impedir que o DF desrespeite a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governador eleito quer aumentar a arrecadaçăo do DF e negocia com o governo federal essa viabilidade. “O DF parou de crescer nos últimos quatro anos. Tenho buscado investimento nos ministérios e vi que existem inúmeros projetos de obras paralisadas e várias outras que năo foram contratadas. Temos de voltar a ter geraçăo de renda para que esse percentual — 55% — diminua”, explicou o emedebista.
Ibaneis e os governadores eleitos de Săo Paulo, Joăo Dória (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), organizaram o Fórum dos governadores, que teve como principal objetivo a construçăo de um pacto federativo. O advogado ressalta que uma das finalidades é fazer com que os problemas da capital federal voltem a ser incluídos nos debates em âmbito nacional. “Temos regiőes como o Pôr do Sol e o Sol Nascente (em Ceilândia) com IDH igual ao de várias regiőes do Nordeste. Temos de recolocar o DF na discussăo, mostrando para todos que aqui também existem problemas”, reforçou.
Os 19 governadores presentes firmaram acordo para lutar pela reforma da Previdência. Outro ponto comum foi o pedido pela securitizaçăo das dívidas ativas. Witzel e o governador reeleito do Piauí, Wellington Dias (PT), fizeram um apelo para que o Congresso Nacional aprove a medida, argumentando que a iniciativa pode elevar a capacidade de investimentos dos estados. Com a medida, os governos poderăo transformar lotes de faturas vencidas em títulos públicos, negociadas no mercado financeiro. Dessa forma, as unidades da Federaçăo recebem o dinheiro das cotas à vista, e a responsabilidade por cobrar o contribuinte passa para um fundo de investidores.
Caso a medida seja aprovada, segundo Wellington, os estados e o DF terăo acesso a cerca de R$ 1 trilhăo. Para Ibaneis, a capital tem a receber em dívida cerca de R$ 31 bilhőes. “Acredito que conseguiríamos receber entre R$ 8 bilhőes e R$ 12 bilhőes, ou até mais. Verba que será usada para cuidar da saúde, educaçăo, infraestrutura e geraçăo de emprego e renda, o que recolocaria o DF no caminho do desenvolvimento”, argumentou. A lei passou pelo Senado Federal e vai a debate na Câmara dos Deputados. Os governadores esperam a aprovaçăo da medida ainda neste ano.
Energia solar
Depois do fórum com os governadores eleitos, Ibaneis reuniu-se com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Ele pediu auxílio, principalmente para o aterramento de cabos de transmissăo de energia para a construçăo da via Interbairros, que ligaria Samambaia ao Plano Piloto, passando por Águas Claras, Taguatinga e Guará. A obra ajudaria a desafogar o trânsito da regiăo.
Na segunda-feira, o governador eleito encontrou-se com o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Nóbrega, para abordar o mesmo assunto. O aterramento dos cabos de transmissăo é fundamental para a efetivaçăo do projeto. O custo da mudança, segundo Ibaneis, seria de R$ 500 milhőes. Ontem, Moreira Franco comprometeu-se em estudar a questăo, e a equipe de transiçăo se reunirá com integrantes do Ministério. “Precisamos da autorizaçăo da Aneel e de Furnas para fazer o aterramento dos cabos. Quero ter essa autorizaçăo para, no começo do ano, tocar o projeto e, até abril, começar as obras”, adiantou o governador eleito.
Ibaneis também pediu apoio para implementar programas de energia solar, principalmente para famílias de baixa renda. Moreira Franco, segundo o futuro chefe do Palácio do Buriti, comentou sobre a possibilidade de financiamentos com juros mais baixos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Quero começar os programas de energia solar nas áreas mais necessitadas, onde existem muitos gatos. Com isso, a gente pode tirar um peso dessa sobrecarga de pagamentos para a classe média e a classe alta. Năo existe almoço grátis. Quando há distribuiçăo e năo há o pagamento dessa energia, alguém está pagando por isso”, declarou.
No Buriti
No fim da tarde de ontem, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), encontrou-se com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) no Palácio do Buriti. O pedido para a reuniăo partiu de Rollemberg. Os dois năo se pronunciaram sobre o teor da conversa. Segundo a assessoria de Ibaneis, tratou-se de uma visita de cortesia, na qual năo houve uma pauta específica.
R$ 540 milhőes
Recursos que Ibaneis diz ter conseguido com o Ministério da Saúde em reuniăo na terça-feiraR$ 31 bilhőes
Valor estimado que o Distrito Federal tem a receber pela dívida ativaR$ 12 bilhőes
Valor máximo que Ibaneis espera alcançar com a securitizaçăo da dívida ativa