Com as festas de fim de ano e as férias coletivas nas empresas, o mês de dezembro não costuma ser a melhor época para encontrar um novo emprego. Quem pretende intensificar as buscas em 2019, porém, já pode (e deve) começar a se preparar e traçar planos para o período.
Para entender que fatores merecem atenção dos profissionais que procuram colocação ou recolocação no mercado de trabalho no próximo ano, Época NEGÓCIOS conversou com dois consultores de carreira e recrutamento. Segundo eles, os preparativos para encontrar uma nova posição vão muito além de atualizar o currículo – e muitas vezes passam despercebidos pelos candidatos.
O que esperar do mercado (e o que ele espera de você)
De forma geral, a expectativa para a geração e a oferta de empregos em 2019 é positiva. Um dos fatores para isso, segundo Ricardo Basaglia, diretor geral da consultoria de recrutamento Page Personnel, é a tendência de que empresas que reduziram de tamanho e cortaram postos durante a crise voltem a crescer gradativamente. Isso, porém, não significa que as vagas serão as mesmas de antes.
“O mercado nunca volta com a mesma configuração; seja porque as empresas aprenderam a ser mais eficientes com menos gente, ou porque a inovação tecnológica impactou, de alguma maneira, as áreas”, diz Basaglia. Segundo ele, é importante ter flexibilidade na hora de analisar as características das vagas e as empresas em potencial. “É uma questão de entender os problemas que as empresas precisam resolver e como você pode contribuir para isso.”
A análise também deve envolver a definição de objetivos e planos, que devem ser constantemente revistos e podem nortear melhor a busca. “Você constantemente precisa estar preparado para transições, independentemente de estar ou não empregado”, destaca Irene Azevedo, diretora de transição de carreira da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH). “Conhecer suas próprias realizações, aspirações e seus motivadores possibilita criar um plano de ação.”
Networking na medida certa
O networking é um dos pilares mais importantes na busca por emprego – e também um dos maiores pontos de equívoco por parte dos profissionais. O deslize mais comum consiste em prestar atenção à rede de contatos apenas no momento em que se está desempregado. “O networking é uma relação de troca de ideias e experiências. Pedir uma indicação não deve ser o objetivo principal”, destaca Irene Azevedo.
Sendo assim, quem quer desenvolver sua rede deve tomar cuidado com a postura e com as expectativas. Enviar o currículo para alguém já na primeira abordagem ou pedir que a pessoa o distribua para contatos, por exemplo, são grandes erros. “Muitos esperam conseguir, com o outro, um emprego; na verdade, o objetivo deve ser expandir a rede”, diz a consultora. “É mais uma pessoa que te conhece e que pode vir a te referendar ou dar dicas”.
Participar de eventos ou solicitar reuniões de relacionamento são algumas das formas de fazer contatos de forma mais profissional. Quanto mais consistente for a rede de contatos, mais ela poderá colaborar na hora da busca por vagas. “Conversando com as pessoas, o profissional pode expor os seus planos e ver quem pode ajudá-lo a chegar nas empresas ou nos contatos”, completa ela. Segundo Basaglia, os contatos também podem ser um importante termômetro de como está o mercado e do que ele está demandando.
Cuidando da marca pessoal
Na hora de revisar o currículo, a atualização do histórico de empregos e das qualificações é só um dos pontos de atenção. O documento deve refletir, também, as aspirações do profissional e o que ele está buscando. O mesmo vale para o perfil no LinkedIn, sites de recrutamento, cartas de apresentação e na própria entrevista. “A pessoa deve saber contar muito bem a sua história e ressaltar as suas realizações. É importante se preparar para esse momento”, destaca Irene Azevedo.
No caso de quem está no início da carreira, a postura é um pouco diferente. “Quem não pode contribuir com experiência precisa compensar demonstrando ter energia, força de vontade e dedicação”, diz Basaglia. Segundo ele, um dos equívocos mais comuns entre os profissionais de nível júnior é não conhecer bem as próprias habilidades ou exagerá-las para impressionar. “Não se trata de querer ser bom para qualquer posição. Ele precisa saber no que é bom e no que não é”. Com isso, diz ele, o profissional também passa a entender em que pode ser valioso para a empresa e em que tipos de posição terá mais valor.
Da busca à entrevista
Conhecer bem a empresa para qual você está se candidatando não é apenas uma questão de impressionar ou evitar saias justas em uma entrevista. Segundo os consultores, é importante entender o perfil da companhia e da vaga para evitar experiências frustradas. “É óbvio que quando você está desempregado, você pode escolher menos. Mas deve existir um critério mínimo, até para mapear os riscos que você tem ao aceitar uma posição”, destaca Basaglia. Segundo o consultor, fazer perguntas durante a entrevista é uma boa forma de confirmar tais perspectivas.
Para Irene Azevedo, a postura durante a entrevista também deve receber atenção. “Nos 30 primeiros segundos de uma entrevista, as pessoas já traçam um perfil de você”, diz. Estar atento ao dress code da empresa, manter um tom de voz equilibrado e olhar nos olhos do entrevistador são alguns dos pontos de atenção que ela destaca. O mais importante, porém, é tornar a conversa leve e saber destacar bem a própria trajetória. “Seja um bom contador de histórias”, recomenda.