Anunciada em outubro, a W Series já conta com a aprovação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA, na sigla em francês). Mas enfrenta certa resistência dentro da modalidade, mesmo entre as mulheres. O maior incômodo é quanto à reserva de mercado para as pilotas, que ficariam em uma “bolha”, sem a disputa com o sexo masculino. Para os críticos, as mulheres deveriam buscar competir lado a lado com os homens em todas as categorias.
Mesmo dentro da FIA, a avaliação é de que as pilotas não deveriam competir separadamente. “É sempre positivo ver mulheres participando de eventos (corridas e campeonatos) e sendo vistas por patrocinadores, recebendo oportunidades. Mas o interessante é que a mulher possa competir no mesmo ambiente que os homens, sem ter uma categoria separada”, disse ao Estado Fabiana Ecclestone, que integra a Comissão de Mulheres no Automobilismo da FIA.
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Na ativa há mais de 10 anos, a comissão tenta promover o trabalho feminino também fora das pistas. “Tentamos ampliar a participação das mulheres no automobilismo como um todo e não somente nas pistas. Desde o piloto até os demais profissionais, como parte médica, comissários, copiloto (dependendo da categoria). Tentamos mostrar que, apesar de ser um ambiente extremamente masculino, existe a possibilidade de as mulheres participarem”, afirmou Fabiana.
No entanto, ela admite que o processo de mudança é demorado. “Gostaríamos de ter mulheres competindo na Fórmula 1, mais mulheres nas categorias de base. Existe um trabalho muito grande para fazer com que estas meninas, que são muito talentosas, consigam lugares para representar a categoria feminina como um todo”, disse, referindo-se as jovens pré-selecionadas para a W Series.
Para tanto, a FIA aposta no momento em dois projetos: o Girls on Track (“Garotas na pista”, em uma tradução livre) e o Dare to be different (“Ouse ser diferente”). No primeiro, a FIA proporciona um dia de pista para adolescentes em karts. As melhores são selecionadas para uma final em 2019, somente na Europa.
O segundo é liderado por Susie Wolff, ex-pilota de desenvolvimento da Williams na Fórmula 1 e esposa de Toto Wolff, o poderoso chefe da equipe Mercedes. O projeto lida com meninas entre oito e 12 anos. Em um primeiro contato com o automobilismo, elas passam um dia conhecendo todos os aspectos da modalidade, como trabalho físico, noções de pilotagem e contato com a imprensa.
Além disso, a FIA se apoia em “embaixadoras” para divulgar a atuação feminina no esporte. Claire Williams, chefe de equipe da Williams, e a colombiana Tatiana Calderón são algumas delas. Calderón, por sinal, já fez testes em carros da Fórmula 1 e tenta uma vaga no grid da F-2 para 2019.