Mais de cem pessoas foram atendidas no Hospital Correia Picanço, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife (PE), após relatarem terem sido agredidas com agulhas de seringa durante o Carnaval no Grande Recife, até a manhã desta quinta-feira (7/2), segundo a unidade de saúde. O resultado do exame realizado nas vítimas não foi divulgado. As informações são do Jornal Nacional.
A Polícia Civil de Pernambuco abriu um inquérito para investigar os casos e está montando uma delegacia móvel na unidade de saúde para facilitar que a população registre as denúncias. “É um movimento atípico, totalmente excepcional. Fugiu muito do que é o nosso padrão de número de atendimentos, principalmente por ser uma época de feriado. Então, leva a crer que aconteceu alguma coisa fora do comum”, explica o diretor médico do hospital, Thiago Ferraz.
O hospital é referência no atendimento de doenças infecto-contagiosas. Segundo Ferraz, até a manhã dessa quarta (6), eram 25 atendimentos. Nas 24 horas seguintes, o número é, ao menos, quatro vezes maior.
“Após a divulgação das notícias, mais pessoas vieram ao nosso atendimento. Do plantão de ontem [quarta] até as 7h de hoje [quinta], a gente passou para mais de 100 pessoas sendo atendidas com a queixa de que sofreram algum tipo de agulhada durante o Carnaval”, afirmou Ferraz.
As pessoas chegam com relatos de terem sido furadas, principalmente, nas costas e no braço. “O ferimento é uma lesão puntiforme, é um ponto no braço nas costas. Parece como se tivesse recebido uma vacina ou injeção”, explicou o médico.
Coquetel antirretroviral
Todos os pacientes foram liberados, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Antes, no entanto, tomaram medicamentos que são ministrados para prevenção ao vírus HIV. Eles também receberam a orientação para voltar à unidade de saúde em 30 dias, prazo necessário para a conclusão desse tratamento.
O diretor do Correio Picanço esclareceu que, apesar da preocupação da população, o risco de infecção por HIV nos casos é baixo. “O risco de transmissão em relação ao HIV para lesões perfuro-cortantes é baixa, menor que 0,5%”, afirmou, acrescentando que todos receberam coquetel antirretroviral.
Além da abertura de inquérito, a Polícia Civil informou que vai enviar um ofício ao Hospital Correia Picanço para identificar as declarações das vítimas que foram buscar atendimento médico na unidade de saúde, para apurar o crime de “exposição ao risco à vida de outrem por transmissão de moléstia grave”.
A corporação também pede que as vítimas que procuraram a unidade de saúde também registrem boletins de ocorrência. Cada caso vai motivar a abertura de inquéritos distintos. Uma delegacia móvel funciona, a partir da tarde desta quinta, no Correia Picanço para facilitar as denúncias.
Crime passível de pena
De acordo com o chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, a corporação investiga se os casos foram praticados por um ou mais criminosos.
“Algumas vítimas divergem no depoimento sobre a aparência e até mesmo o gênero do autor do fato. O crime é passível de pena que varia de um a quatro anos de prisão, pelo crime de transmitir intencionalmente moléstia grave a pessoas”, afirmou.



