.”Tia, meu pai fica pelado e minha mãe também. Eles ficam um cima do outro e fazem uns barulhos feios. Meu pai bate na minha mãe, ele fica sentindo dor. Isso tá me deixando com a cabeça doendo. Tenho medo de um dia meu pai matar minha mãe na cama. Me ajude, tô com medo!”
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Este foi um pedido de socorro de uma criança de 6 anos que estudava em uma escola que fui fazer um trabalho de Educação Sexual. Depois que falei que o corpo de cada criança era especial e precioso, que apresentei como devíamos proteger o corpo, esta criança levantou a mão e disse que sua mãe não sabia proteger o corpo dela.
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Esta fala me chamou a atenção. No final das dinâmicas com as crianças, chamei esta menina para conversar um pouco. Foi aí que ela pediu que eu a ajudasse a proteger a sua mãe da “violência” do seu pai.
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Pedi para falar com os pais da garota. Um casal simpático, carinhoso, pais comprometidos com a filha. A escola me deu as melhores referências. Quando contei para eles o pedido que sua filha havia me feito, eles ficar arrasados, envergonhados. Logo os acalmei e os acolhi. Disse-lhes que podiam reverter muita coisa. E discutimos algumas formas de fazê-lo.
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O que me chamou a atenção foi quando eles disseram: “Nós tínhamos certeza que ela estava dormindo!”
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Queridos pais, se vocês optaram por fazer cama compartilhada ou trazer seus filhos para dormirem no mesmo quarto, não deixem de fazer sexo por isso, mas não coloque a criança no perigo de ver o momento íntimo de vocês.
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A criança que presencia a relação sexual ela foi submetida a um abuso sexual sem contato físico. Porque expor a criança a cenas de sexo é sim abuso sexual. E, até os 7 ou 8 anos, a criança tem a impressão que seu pai está matando sua mãe. O que a deixa perturbada, angustiada, além de outros prejuízos.
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Sei que nem todas as famílias têm mais de um quarto em suas casas, que muitos pais moram nas casas dos seus pais e não têm outra forma a não ser dormir com seus filhos. Se este for seu caso, busque outro ambiente ou horário em que a criança não esteja. Enfim, juntos busquem outra forma.
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A questão aqui não faz referência a dormir ou não com os filhos, mas a fazer sexo no mesmo ambiente que os eles estão.