A história de Milton Ponce Fernandes um dos fundadores da fábrica de Biscoito Globo, morto na quarta-feira (17), se confunde com a dos aperitivos que se tornaram um símbolo da cultura carioca. O biscoito, que hoje é Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade do Rio de Janeiro, nasceu em São Paulo, quando, em 1953, quando Milton e mais dois irmãos aprenderam a fazer biscoitos de polvilho.
Ana Beatriz Manier, autora do livro “Ó, o Globo!”’, que conta a historia da marca, conta que Milton optou por dedicar a maior parte da vida dele à produção do popular lanche das praias cariocas:
“Seu Milton foi uma pessoa que viveu para o biscoito. A última vez que o vi o seu Milton Ponce, há exatemente um mês atrás, ele me falou: Ana Beatriz, as pessoas me dizem que eu devia ter me divertido mais, ter feito outras coisas da vida, mas uma das coisas que mais gostei de fazer na vida foi trabalhar.”
Ana lembra com carinho dos familiares de Milton, que se tornaram amigos dela durante a confecção da obra:
“Sempre tive paixão por esse biscoito, foi isso que me levou a escrever e eu fui pegando uma afeição por essa família. Uma família muito unida, que são pessoas simples, mas muitos sérias e determinadas.”
Além da orla, o biscoito também faz sucesso no congestionado trânsito da capital fluminense, como relata o estudante, Maxmiliano Oliveira, apreciador do quitute:
“Todo engarrafamento que passo, seja na Linha Vermelha, seja na Linha Amarela, sempre aparece aquele ambulante vendendo o biscoito Globo que salva muito. É muito triste saber da morte de um dos criadores desse biscoito que salva muita gente nos engarrafamentos”.
Vendido nos sabores doce ou salgado, o Globo realmente caiu no gosto carioca e faz parte da infância de muita gente, como a do estudante Marcelo Henrique:
“O Globo tá relacionada a cultura do Rio de Janeiro. Da cultura do carioca ir a praia e acordar cedo no domingo. Então é uma coisa que tá na minha desde sempre. Sempre que vou na praia compro um biscoito Globo.”
Miton Ponce Fernanda tinha setenta e oito anos e nos últimos seis lutava contra um câncer. Ele foi enterrado nesta quinta-feira (18) em Abaíba, Minas Gerais. Como homenagem, a fábrica dos biscoitos de polvilho que fica na Lapa não abriu as portas.