As Forças Armadas começam a atuar na capital e na Região Metropolitana do Rio, nesta sexta-feira (28). O decreto, publicado em uma edição extra do Diário Oficial da União, assinado pelo presidente Michel Temer, autoriza a permanência dos militares até o dia 31 de dezembro. A atuação das Forças Armadas no estado será em apoio às ações do Plano Nacional de Segurança Pública. 8.500 homens já estão fazendo o reconhecimento de cada região para identificar o que precisa ser feito.
Em entrevista coletiva, agora a pouco, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, comentou o decreto presidencial. Já o ministro da Justiça, Torquato Jardim, diz a segurança pública é uma responsabilidade compartilhada. O general Mauro Sinott vai comandar a operação federal no Rio. Segundo ele, as tropas farão ações pontuais contra o crime.
A Constituição Federal permite que as Forças Armadas atuem em ações de segurança pública, com autorização presidencial, em casos de grave perturbação da ordem e quando o uso das forças convencionais de segurança estiver esgotado.
Comboios foram vistos realizando blitzes em vias como o Arco Metropolitano, Avenida Brasil, Linha Vermelha, Rodovia Presidente Dutra, Rodovia Washington Luiz e Rodovia Rio-Teresopolis, onde a pista sentido Teresopolis foi fechada na altura de Imbariê, na Baixada Fluminense. Há também registros de comboios na Praça Arariboia, em Niterói, e na Avenida Atlântica, em Copacabana, também no Leblon, na Zona Sul.
ROUBOS DE CARGAS
Um grupo integrado com forças estaduais e federais foi criado pela Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro para o combate ao roubo de cargas no estado. De acordo com o secretário Roberto Sá, o trabalho conjunto vai contar com representantes das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, entre outros setores da segurança, em reuniões quinzenais.
O planejamento foi elaborado depois do apoio da Força Nacional nas rodovias que cortam o Rio, com 621 homens. Sá ressaltou que a estratégia vai possibilitar que o estado atue em áreas onde os agentes não conseguiam chegar por causa da falta de recursos.
Os detalhes da chamada Operação Carga Segura, como quais localidades e quantos homens serão deslocados, não foram divulgados. A Polícia Rodoviária Federal adiantou, no entanto, que já começou os trabalhos, neste mês, nas fronteiras do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Mato Grosso do Sul. Mais de 980 pessoas foram presas nessas áreas, entre roubo de cargas e contrabando.
O objetivo, segundo o superintendente da PRF José Roberto de Lima, é impedir o tráfico de armas e drogas, cujos destinos são o Rio de Janeiro. Apenas no estado do Rio, são 380 policiais reforçando as ações nas rodovias federais.
O governador Luiz Fernando Pezão disse que o presidente Michel Temer autorizou, através da Garantia da Lei e da Ordem, o uso das Forças Armadas no estado. O emprego dos militares, no entanto, será diferente de outras atuações em favelas da cidade.
A elaboração do plano contou com a ajuda de mais de 70 entidades de diversos setores da economia, entre empresas e sindicatos, que pediram ajuda ao governo estadual para coibir o roubo de cargas.
ESFORÇOS POSSÍVEIS
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, disse que a violência no Rio de Janeiro chegou a um nível intolerável e que está afetando a economia, inclusive o turismo, que depende da segurança. Moreira Franco afirmou que o Governo Federal está mobilizando todos os esforços possíveis, mas que a União não vai ser milagrosa.
O ministro participou na tarde de hoje (27) de um encontro com o presidente do BNDES para discutir a venda da Cedae e o empréstimo ao Governo do Rio de até R$ 3,5 bilhões.
FIRJAN APOIA A AÇÃO
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro publicou uma nota de apoio à decisão do Governo Federal de utilizar as Forças Armadas nas ações do Plano Nacional de Segurança Pública no Estado do Rio.
Segundo o comunicado, com o avanço da criminalidade as iniciativas de combate ao crime não podem se limitar ao Estado. Ainda hoje os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, visitaram a FIRJAN.
Durante o encontro, estudos e propostas divulgadas pela Federação a favor da segurança para a indústria e os trabalhadores foram apresentados, em especial, sobre o roubo de cargas, crime que vem crescendo nos últimos meses.