ONG Meu Rio cria campanha para que Cedae devolva valor da conta de janeiro aos consumidores
RIO — A ONG Meu Rio lançou nesta quinta-feira a campanha online “Cedae, essa conta não é minha”, que tem o objetivo de pressionar a Companhia Estadual de Águas (Cedae) a reembolsar o valor da conta referente ao mês de janeiro entregue à população do município. Em menos de 24h, mais de 23 mil pessoas já participaram da iniciativa, que consiste em enviar um e-mail ao presidente da Cedae, Hélio Cabral, solicitando a devolução do dinheiro.
A crise no abastecimento teve início há mais de um mês, após a proliferação da geosmina na água captada na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, o que causou mudança no gosto e no cheiro da água distribuída. Nesta semana, a população sofreu com mais um problema: a falta de água após o sistema de captação ser fechado por 14 horas por conta da presença de detergentes no local.
— O Meu Rio sempre criou projetos para pedir por melhorias e a gente acredita em mudanças conquistadas a partir do engajamento e da participação de todos. Estamos acompanhando a crise da água, conversamos com especialistas e deputados, e decidimos então criar essa campanha. Entendemos que não há uma solução pronta para o problema. As obras necessárias terão impacto em dois, quatro anos, por isso decidimos, agora, pressionar por uma solução a curto prazo. A população do Rio não pode pagar por essa conta se a Cedae não presta um bom serviço — disse Ully Ribeiro, mobilizadora do Meu Rio.
Ao longo do último mês, moradores relataram terem sofrido com sintomas como enjôos e diarréia após o consumo. A companhia, porém, nega que a geosmina cause riscos à saúde e defende a potabilidade de água. A corrida por água mineral e novos filtros e supermercados e lojas especializadas comprovou o receio da população.
Para tentar resolver o problema, a Cedae iniciou no dia 23 de janeiro o processo de pulverização de carvão ativado no Guandu. A previsão era de que o problema fosse resolvido em uma semana, o que não aconteceu. No fim deste prazo a empresa começou a utilizar argila ionicamente modificada na lagoa próxima à captação para indisponibilizar o fósforo, nutriente indispensável na proliferação das algas. Até hoje, porém, há queixas em relação da qualidade do líquido que sai das torneiras.
A Defensoria Pública do Estado negocia uma indenização coletiva aos consumidores, por meio do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecom). O entendimento prévio é que a compensação poderá ser feito por meio de redução na conta de água, mas os valores ainda serão calculados e debatidos. O acordo deve ficar pronto até o dia 10 de fevereiro.
Fonte: o Globo