Campo Grande, bairro mais populoso do Rio de Janeiro, já foi conhecido como área agrícola, Zona Rural, parte do então Sertão Carioca. O bairro já abrigou engenhos de açúcar, grandes produções de laranjas, alguns outros produtos e, segundo alguns historiadores, a região também foi gênese do famoso ciclo do café no Brasil, iniciado, segundo os mesmos, no Mendanha.
Porém, principalmente a partir de meados do século XX, a região começou a mudar, de forma relevante, suas paisagem e dinâmica. De área tipicamente rural, o bairro da Zona Oeste transformou-se em área urbana (ou suburbana) em expansão, após o crescimento do comércio e dos serviços, e a chegada das indústrias. Atualmente, o que predominam no bairro são os prédios, construções, lojas, trânsito, ou seja, características que não remetem mais ao rural.
Entretanto, em alguns pontos do bairro ainda é possível presenciar importantes bolsões agrícolas, como as regiões do Rio da Prata, do Mendanha e da Serrinha. Nesta última localidade, próxima ao Mendanha, e ao mesmo tempo perto da Avenida Brasil, parece que o tempo parou. A paisagem, em sua maior parte, lembra o passado agrícola do bairro, com vastas plantações e vegetação presentes. Algumas residências ainda têm como características terrenos extensos, abrigando mais de uma casa, praticamente sem (ou com fina) cerca, separando a vizinhança, com plantações e árvores variadas presentes e espalhadas pelo grande quintal.
Pouco se vê condução, e ao mesmo tempo percebe-se alguns hábitos de certos moradores, remetendo a tempos passados, como a forma de falar e tratar as pessoas. E é claro que, como característica de “interior”, não pode faltar uma igreja católica. Nesse caso, encontra-se a Igreja Nossa Senhora da Paz. Nota-se também no costume das pessoas em referir-se ao centro do bairro como “Vou ali em Campo Grande”, como se só o centro representa-se o bairro. Na verdade, isso se estende para o centro do município do Rio, quando as pessoas mais afastadas, incluindo quem mora em Campo Grande, ainda dizem: “Vou lá na cidade resolver um problema”, como se Campo Grande não pertencesse ao Rio de Janeiro. São como resquícios da época de Zona Rural.
Assim, conclui-se que algumas partes de Campo Grande ainda são “ilhas”, “a milhas e milhas de qualquer lugar”, e estando ainda “longe demais das capitais”.
Abaixo, imagens da Serrinha, tiradas de dentro de uma residência do local
Fotos. Créditos: Carlos Eduardo de Souza