Várias ruas e algumas casas do Jardim Maravilha, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, ainda estão alagadas nesta segunda-feira. Na residência de Lindalva Pereira da Silva, de 62 anos, a água está na altura da canela, mas já esteve pela cintura. O jeito foi colocar os móveis no alto e buscar abrigo em lugar mais seguro, na casa de parentes.
— Não dá para ficar em casa. Nem sei se vou ter condições de limpar para voltar. A previsão é de mais chuvas. Antigamente esse problema era de dez em dez anos, agora se repete todo ano. Isso aqui é um sofrimento. Eu não aguento mais — desabafou Lindaura, que reside há 32 anos no mesmo lugar e esse ano recebeu o carnê de IPTU com a cobrança de R$ 375 do imposto, sem o desconto.
A dona de casa espera parar de chover para fazer a limpeza do imóvel e contabilizar os prejuízos. Por enquanto ela não faz ideia do que poderá ser aproveitado. A filha dela, Simone, que mora nos fundos com dois filhos de 13 e 22 anos, também teve a casa alagada. Por precaução, a energia elétrica das duas residências está desligada.
Mutirão de ajuda
Uma iniciativa de outros moradores está trazendo um pouco de alento para quem perdeu tudo e não tem nem o que comer. Um grupo tem percorrido o comércio da região em busca de doações e montou uma tenda na esquina das ruas Tefé com Bar da Garça, onde cadastram aqueles que precisam de ajuda.
— Já cadastramos mais de 450 pessoas desde ontem. Estamos conseguindo muita coisa, como água mineral, alimentos não perecíveis, leite e fralda. A gente monta as cestas básicas e distribui aos cadastrados. Alguns donos de restaurantes doam quentinhas prontas que também distribuímos — contou o cenógrafo Fabrício Paiva, de 37 anos, um dos responsáveis pelo mutirão de ajuda, que se repete há três anos, sempre em época de chuva forte, como a desse fim de semana.
Anderson Macedo, o MC Palito, disse que através de conhecimento tem buscado ajuda de atletas e artistas. Ele faz questão de destacar que a iniciativa não tem nenhum envolvimento político ou religioso.
— Nosso objetivo é amenizar a dor de quem perdeu suas coisas. É suprir uma necessidade que o Poder Público deixa aberta — argumenta.
Durante a madrugada de domingo, o mesmo grupo se uniu para ajudar a socorrer moradores, que estavam com água dentro de casa.