A presidente do Peru, Dina Boluarte, reacendeu um debate polêmico no país ao propor a adoção da pena de morte para estupradores de crianças. A medida, anunciada durante uma coletiva de imprensa, visa endurecer as punições contra crimes sexuais, especialmente os cometidos contra menores, que têm gerado comoção nacional devido a casos recentes de violência extrema.
Boluarte justificou sua proposta alegando que “crimes tão hediondos como esses não podem ser tratados com complacência” e defendeu que a pena de morte funcionaria como um elemento dissuasivo e uma resposta proporcional à gravidade do delito. A presidente afirmou ainda que a proteção da infância deve ser uma prioridade absoluta no Peru, mencionando que o país precisa de medidas urgentes para combater a impunidade nesse tipo de crime.
No entanto, a proposta enfrenta desafios legais e éticos significativos. O Peru é signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que limita a aplicação da pena de morte apenas a crimes excepcionais, como os cometidos em tempos de guerra. Para implementar a medida, seria necessário romper com tratados internacionais ou renegociá-los, algo que especialistas afirmam ser extremamente complexo e de repercussões globais.
A sociedade peruana está dividida quanto à proposta. Enquanto muitos aplaudem a ideia, enxergando nela uma forma de justiça para as vítimas e suas famílias, outros alertam para os riscos de erros judiciais e para a possibilidade de que a pena de morte não seja eficaz na redução de crimes sexuais. Grupos de direitos humanos também se manifestaram, criticando a medida como uma afronta aos princípios fundamentais da justiça.
Dina Boluarte, por sua vez, insiste na necessidade de um debate profundo e inclusivo sobre o tema. Ela sinalizou a possibilidade de um referendo nacional, caso o Congresso não chegue a um consenso.
O tema promete dominar a agenda política nos próximos meses, testando os limites entre a busca por justiça e os compromissos internacionais assumidos pelo Peru.