O Monte Everest, o pico mais alto do planeta, com seus impressionantes 8.848 metros de altitude, é o sonho de muitos aventureiros. No entanto, junto com a fama e a beleza extrema, a montanha carrega uma reputação sombria — histórias de corpos espalhados pela trilha, ausência de resgate e uma suposta regra cruel: “morreu na montanha, fica na montanha.” Mas será que tudo isso é verdade? A resposta é: parcialmente sim, mas com muitos exageros e imprecisões. A seguir, esclarecemos o que é fato e o que é mito.
✅ O que é verdade:
• O Everest não possui um serviço de resgate tradicional.
Ao contrário do que muitos imaginam, não existe no Everest uma equipe de resgate pronta para agir como vemos em operações urbanas ou em áreas de acesso fácil. Os salvamentos dependem de expedições privadas, ajuda de companheiros de escalada ou dos lendários sherpas — guias nativos do Himalaia extremamente experientes. Porém, mesmo eles enfrentam condições extremas que muitas vezes impossibilitam qualquer tentativa de socorro.
• Remover corpos no Everest é extremamente difícil.
A chamada “Zona da Morte”, que começa acima dos 8 mil metros, é um ambiente hostil para qualquer ser humano. Nessa região, o oxigênio é rarefeito, o clima pode mudar em minutos, e a exaustão física é constante. Por isso, quando um alpinista morre, o risco de tentar remover seu corpo é imenso — tanto que muitos são deixados onde caíram. Além dos perigos, os custos de uma operação de remoção podem ultrapassar US$ 70 mil, o que torna a tarefa inviável para a maioria das famílias.
• Existe uma “regra informal” entre alpinistas.
A frase “morreu na montanha, fica na montanha” resume a dura realidade do Everest. Não é uma lei, nem um regulamento oficial, mas sim uma convenção aceita por quem desafia o gigante do Himalaia. Cada alpinista que sobe sabe dos riscos, incluindo o de nunca mais descer — e que, caso isso aconteça, talvez ninguém consiga resgatá-lo.
É verdade que aproximadamente 300 pessoas morreram no Everest desde as primeiras tentativas de escalada, que começaram na década de 1920. No entanto, isso não significa que os 300 corpos estão visíveis ou “espalhados pela trilha”. Muitos estão soterrados pela neve, perdidos em fendas profundas ou até mesmo já foram removidos ao longo dos anos. A imagem de um “cemitério a céu aberto” é um retrato distorcido da realidade.
✅ Conclusão: entre o mito e a verdade
O Everest continua sendo um símbolo de superação, coragem e também de tragédia. Escalar a montanha é um feito notável, mas envolve riscos brutais. A ausência de resgate formal e a dificuldade de remover corpos são fatos indiscutíveis. A frase “morreu na montanha, fica na montanha” representa a crueza do ambiente e a limitação humana diante da natureza extrema.
Por outro lado, dizer que centenas de cadáveres estão “espalhados pelas trilhas” cria uma imagem sensacionalista e injusta com a memória de quem perdeu a vida ali.
Em resumo:
✔️ Não há resgate oficial no Everest.
✔️ Muitos corpos permanecem na montanha, sim.
❌ Mas a ideia de centenas de corpos visíveis é um exagero.
✔️ E a famosa “regra informal” existe, mas é uma aceitação forçada da realidade, não uma norma imposta.
O Everest não perdoa. E quem o desafia, sabe: a linha entre o topo do mundo e a tragédia é tão tênue quanto o ar rarefeito da montanha.