Há 22 anos que a Polícia Federal da Austrália procura por John Gott. Com 17 denúncias de abuso sexual diferentes, que incluem relações sexuais com menores, o australiano foi condenado a seis anos de cárcere e fugiu das autoridades dois anos após ser preso, quando conseguiu liberdade condicional. O paradeiro do pedófilo foi revelado, literalmente, por acidente: ele foi uma das vítimas do atropelamento de janeiro em Copacabana, Rio de Janeiro.
No dia 18 de janeiro, Antonio de Almeida Anaquim, de 41 anos, perdeu o controle de seu carro e atropelou 18 pessoas que passeavam na praia carioca. Um bebê de oito meses faleceu, e os demais 17 feridos foram levados ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Dentre eles, estava um turista australiano, cujo nome no passaporte era Daniel Marcos Philips.
O gringo, com 63 anos, teve traumatismo craniano e, desde então, está em coma. Segundo o jornal The Australian, a embaixada australiana e depois a Interpol foram contatadas quando as autoridades brasileiras não encontraram ninguém registrado com o nome Daniel Philips. Não demorou para que descobrissem que o passaporte era falso.
Mas foi só quando enviaram a digital do acidentado para a Polícia Federal da Austrália que a verdadeira identidade do homem foi revelada: se tratava de John Gott, condenado por pedofilia em 1994. Dos 22 anos em que se manteve como fugitivo, Gott morou 20 no Brasil e trabalhava dando aulas de inglês como professor freelancer.
Pedófilo tinha 17 denúncias de abuso sexual
O pedófilo recebeu 17 denúncias de abuso sexual diferentes, incluindo a de manter relações carnais com uma criança menos de 14 anos, além do abuso de um adolescente de 16. Pelos seus crimes, foi condenado a seis anos de prisão, mas após cumprir dois recebeu liberdade condicional e aproveitou o momento para fugir para a América do Sul.
Diante da revelação, a polícia do Território do Norte, região da Austrália onde Gott vivia, disse à BBC Brasil: “Devido à seu estado de saúde, vamos continuar a monitorar a situação com o objetivo de tomar uma atitude, se possível, no futuro”, analisando possibilidade de extradição. A embaixada da Austrália no Brasil disse que não pode disponibilizar informações sobre o caso, e o Ministério da Justiça ainda não se pronunciou.
Um funcionário do Hospital Miguel Couto, que pediu para não ser identificado, que é improvável que Gott saia do coma. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro confirmou que o estado de saúde do criminoso é grave.
O motorista que causou o acidente em janeiro alegou ter sofrido um ataque epiléptico. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso, e no momento, ele responde em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.