O Brasil perdeu neste sábado (13) um dos maiores ícones de sua história musical. Hermeto Pascoal, multi-instrumentista, compositor e maestro reconhecido mundialmente, morreu aos 89 anos, deixando um legado que transcende fronteiras e estilos. Conhecido como o “bruxo” da música, Hermeto transformou sons do cotidiano em melodias, mostrando ao mundo que qualquer objeto poderia se tornar instrumento quando guiado pela genialidade.
Nascido em Lagoa da Canoa, Alagoas, Hermeto Pascoal cresceu em meio a dificuldades, mas sempre cercado pela música. Ainda jovem, aprendeu sozinho a tocar diversos instrumentos e logo ganhou notoriedade por sua capacidade incomum de improvisar e criar arranjos complexos com naturalidade impressionante. Sua trajetória marcou gerações de músicos e fãs que viam nele um exemplo de liberdade criativa sem amarras.
Hermeto era conhecido por sua capacidade de tirar sons de tudo que estivesse ao alcance: chaleiras, brinquedos, água, garrafas, rádios e até o próprio corpo. Essa ousadia o projetou internacionalmente, sendo celebrado em palcos ao redor do mundo. Ao longo de sua carreira, trabalhou com grandes nomes, mas nunca se prendeu a rótulos. Para ele, a música era universal e ilimitada.
Nos anos 1970, ganhou ainda mais destaque ao colaborar com Miles Davis, que o considerava um dos maiores músicos do planeta. A partir daí, Hermeto consolidou-se como referência incontestável da música instrumental, mantendo até seus últimos dias a mesma energia criativa que o acompanhou desde a juventude.
Além de sua contribuição artística, Hermeto também se dedicou a formar novas gerações. Em oficinas, ensaios e encontros, transmitia não apenas técnicas musicais, mas a filosofia de liberdade, improviso e amor pela arte. Muitos dos grandes músicos brasileiros contemporâneos foram tocados diretamente por sua influência.
Compositor prolífico, Hermeto deixou centenas de obras registradas e muitas outras guardadas em anotações e gravações caseiras. Seu trabalho transita entre o jazz, a música erudita, o regional brasileiro e o experimental, criando um estilo único que lhe rendeu reconhecimento em todo o mundo.
A morte de Hermeto Pascoal representa uma perda irreparável para a cultura brasileira. Ainda assim, sua obra permanece viva, ecoando em cada arranjo ousado, em cada improviso e em cada artista que se inspirou em sua ousadia.
Neste momento de luto, o Brasil se despede de um mestre cuja genialidade nunca poderá ser substituída. Hermeto Pascoal não apenas fez música — ele revelou a beleza escondida em cada som, ensinando que a arte é, acima de tudo, a liberdade de se expressar plenamente.
Seu nome e sua obra seguirão eternos, inspirando corações e mentes em todas as partes do mundo.
Hermeto Pascoal, 1936 – 2025.