O mundo católico vive um momento histórico e de expectativa com a morte do Papa Francisco, ocorrida recentemente no Vaticano. Entre homenagens, missas de corpo presente e o luto generalizado dos fiéis, uma nova fase se inicia: o conclave. Nesse cenário solene e decisivo, um nome tem ganhado destaque e força entre os cardeais eleitores — o do cardeal Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo.
Aos 64 anos, Ambongo é visto por muitos como um dos principais favoritos para ocupar o trono de São Pedro. Caso seja eleito, ele não apenas sucederia um pontífice que revolucionou a forma de comunicar e liderar a Igreja no século XXI, como também quebraria uma barreira histórica: a de ser o primeiro papa africano da era moderna.
O cardeal Fridolin é uma figura conhecida por sua forte presença política e religiosa no continente africano. Ele é atualmente o arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, país que concentra uma das maiores populações católicas da África. Sua trajetória no clero é marcada por posicionamentos firmes, uma espiritualidade profunda e um carisma que o tornou um líder respeitado dentro e fora do continente africano.
No entanto, sua possível eleição não está isenta de controvérsias. Ambongo é conhecido por sua postura conservadora em diversos temas sensíveis da Igreja. Recentemente, ele se destacou por ser uma das vozes contrárias à concessão de bênçãos a casais homoafetivos, uma pauta que ganhou visibilidade após declarações mais inclusivas do próprio Papa Francisco. Seu posicionamento agradou setores mais tradicionais da Igreja, que veem nele um possível retorno a posturas mais ortodoxas.
Por outro lado, sua liderança e origem africana representam uma mudança simbólica e estrutural importante. Com o crescimento explosivo do número de católicos na África — hoje o continente que mais expande sua população católica —, muitos analistas veem em Ambongo a representação natural desse novo centro de gravidade do catolicismo global.
Historicamente, a maioria dos papas foi europeia, com destaque para os italianos. A eleição de um papa africano sinalizaria não apenas uma abertura geográfica, mas também uma reconfiguração do poder e da atenção da Santa Sé para regiões onde a fé católica se mostra cada vez mais vibrante e crescente.
Além disso, Ambongo tem atuado em questões sociais e ambientais com grande destaque. Ele foi um dos principais articuladores do Sínodo para a Amazônia, participando ativamente das discussões sobre os impactos da exploração ambiental e da defesa dos povos originários. Sua atuação firme em prol da justiça social o tornou uma figura respeitada também por outros líderes religiosos e organizações internacionais.
O conclave, que será realizado nos próximos dias, reunirá 130 cardeais eleitores de todas as partes do mundo. Embora seja um processo altamente reservado, especulações e articulações nos bastidores já colocam Ambongo entre os nomes mais fortes. A escolha do novo pontífice poderá, mais uma vez, surpreender o mundo — como aconteceu com a eleição do argentino Jorge Mario Bergoglio, em 2013.
A Igreja Católica se encontra, mais uma vez, diante de um momento decisivo para seu futuro. Com a possibilidade real de um papa africano, a fé católica pode dar um passo histórico rumo à representatividade global e à valorização de novas vozes dentro de sua hierarquia milenar.
Se Fridolin Ambongo for eleito, não será apenas a vitória de um homem ou de um continente, mas um marco profundo na história da Igreja — que poderá ganhar um novo rosto, um novo sotaque e uma nova direção, diretamente do coração pulsante da África.