“Ação da PRF na Baixada termina em tragédia: jovem de 26 anos é baleada na véspera de Natal”
Na noite de véspera de Natal, um episódio chocante de violência envolvendo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou em uma jovem de 26 anos baleada na cabeça na Rodovia Washington Luiz (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O caso gerou ampla comoção e levou ao afastamento preventivo dos agentes envolvidos, conforme anunciado pela PRF nesta quarta-feira (25).
Juliana Leite Rangel estava no carro da família quando foi atingida por um disparo de fuzil que atravessou o para-brisa e acertou sua cabeça. Ela segue internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), onde passou por cirurgia de emergência e está em estado gravíssimo, entubada e sob cuidados intensivos.
A versão da PRF e o afastamento dos agentes
Em nota oficial, a PRF informou que a Corregedoria-Geral, sediada em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos. A instituição destacou que “lamenta profundamente o episódio” e que a Coordenação-Geral de Direitos Humanos está acompanhando o caso de perto, oferecendo assistência à família da vítima. “Por determinação da Direção-Geral, os policiais envolvidos estão afastados de todas as atividades operacionais”, afirmou o comunicado.
Além disso, a PRF garantiu que está colaborando integralmente com a investigação conduzida pela Polícia Federal, que inclui a perícia no local do crime, a análise das armas usadas pelos agentes e a coleta de depoimentos dos envolvidos.
O relato do pai e o momento do ataque
Alexandre Rangel, pai de Juliana, compartilhou detalhes sobre os momentos de pânico vividos pela família. Segundo ele, os agentes da PRF ligaram a sirene da viatura e, enquanto ele tentava encostar o veículo, começaram a disparar contra o carro. Pelo menos seis tiros atingiram o para-brisa e o vidro traseiro do automóvel.
O pai foi atingido por estilhaços na mão esquerda, sofrendo apenas um pequeno corte, mas Juliana, que estava no banco de trás, foi gravemente ferida. Além dela e do pai, estavam no veículo a mãe, o irmão e a cunhada da vítima, que presenciaram o horror.
“É revoltante. Nós estávamos em família, sem oferecer qualquer ameaça, e fomos tratados como criminosos”, desabafou Alexandre, ainda abalado com o ocorrido.
Estado de saúde da vítima
A Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias informou que Juliana deu entrada no hospital às 21h12, com um ferimento grave no crânio. Após ser entubada, foi submetida a uma cirurgia de emergência sem complicações, mas seu quadro clínico permanece gravíssimo. Na manhã desta quarta-feira, familiares permanecem no hospital em busca de informações atualizadas.
Investigação do caso
A Polícia Federal já instaurou um inquérito para investigar o incidente. Na madrugada seguinte ao episódio, peritos estiveram no local para realizar a análise inicial e recolher provas. Armas utilizadas pelos agentes da PRF foram apreendidas para avaliação técnica e balística.
O delegado responsável pelo caso afirmou que todas as circunstâncias do incidente estão sendo minuciosamente apuradas, incluindo os motivos que levaram os agentes a disparar contra o veículo. A linha de investigação considera a possibilidade de erro na abordagem ou uso desproporcional da força.
Repercussão e críticas
O caso gerou revolta nas redes sociais e entre moradores da Baixada Fluminense, que criticaram a ação da PRF e cobraram respostas rápidas. Para muitos, o episódio reflete a necessidade urgente de revisão nos protocolos de abordagem da instituição.
“Não podemos aceitar que vidas inocentes sejam perdidas ou colocadas em risco por ações desastrosas. Precisamos de justiça”, declarou um morador da região, durante uma manifestação pacífica na frente do hospital onde Juliana está internada.
Grupos de defesa dos direitos humanos também se manifestaram, pedindo maior controle e fiscalização das operações policiais no estado do Rio de Janeiro, que frequentemente registram casos de violência envolvendo forças de segurança.
Ação do Ministério Público
O Ministério Público Federal (MPF) acompanha o caso de perto e poderá instaurar uma ação civil pública caso sejam comprovadas falhas graves na conduta dos agentes. “A apuração rigorosa é essencial para assegurar que os responsáveis sejam punidos e que situações como essa não voltem a ocorrer”, declarou um procurador do MPF que atua na área de direitos humanos.
Conclusão
Enquanto Juliana luta pela vida no CTI, a comunidade e os familiares aguardam por respostas e justiça. O caso reforça o debate sobre o uso excessivo da força policial e a necessidade de protocolos mais eficazes e humanizados nas abordagens realizadas pelas forças de segurança.
As investigações em curso devem revelar os detalhes e as responsabilidades pelo trágico episódio que marcou, de forma irreparável, o Natal de uma família e reacendeu discussões sobre segurança pública no Brasil.