Além de fazer sucesso aumentando glúteos e coxas das mulheres, “Dr. Bumbum” prometia aumentar pênis dos homens. Na propaganda colocada na internet, dizia: “Tamanho é documento, sim. É saúde e beleza. Confiança e bom desempenho. E muito prazer”. O procedimento anunciado era bioplastia com aplicação de polimetilmetacrilato, ou PMMA.
“Dr. Bumbum” ainda mostrava o antes e o depois da aplicação do produto. Uma ex-funcionária do médico em Brasília confirma que ele fazia a “plástica” nos homens. “Venha saber mais sobre a bioplastia peniana: 100% segura, indolor e de resultados imediatos e definitivos”, garantia o médico, que está preso no Rio.
Segundo uma pesquisa de 2016 feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBPC-SP), o PMMA provocou deformidades e complicações em cerca de 17 mil pacientes no Brasil.
O PMMA é um bioplástico feito de microesferas que se espalham pelo tecido quando entram na pele, e não é absorvido pelo organismo. Quando aplicado, o produto endurece como uma espécie de cimento. Há outros procedimentos mais seguros, como o ácido hialurônico.
O Conselho Federal de Medicina preconiza que o uso deve ser feito com cautela, em pequenas quantidades, em áreas do rosto e em casos específicos, como pacientes HIV positivo necessitando de preenchimento facial.
O marketing de Denis Furtado, 45 anos, era forte nas redes sociais. O médico, que foi preso nessa quinta-feira (19/7), tinha quase um milhão de seguidores. Agora, responde, ao lado da mãe, Maria de Fátima Furtado, pela morte da bancária Lilian Calixto, 46, no último fim de semana.
Após quatro dias foragidos, “Dr. Bumbum” e Maria de Fátima foram presos no escritório do médico na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Eles estão na 16ª DP, no bairro nobre da capital carioca. “Dr. Bumbum”, que atendia também em Brasília, vai prestar novo depoimento nesta sexta-feira (20). Segundo o advogado Marcus Cezar Feres Braga disse ao Extra, ambos passaram bem a noite.
Como o Metrópoles mostrou, a bancária Lilian Calixto, 46 anos, não foi a única vítima da falta de profissionalismo do médico Denis Furtado. No Distrito Federal, pacientes do “Dr. Bumbum” começam a aparecer e contar as histórias absurdas das consultas com ele.
Em áudios aos quais o Metrópoles teve acesso, uma advogada mostra como o médico agiu após ela ter feito um tratamento malsucedido no bumbum. A mulher ficou com uma ferida no glúteo. Informou que estava tomando a medicação prescrita pelo profissional, mas não conseguia se recuperar. A paciente reclama de um excesso do produto usado por “Dr. Bumbum” para o preenchimento do músculo direito.
Quando toma ciência da queixa da advogada, moradora de Brasília, o médico a responde. Ele explica o que poderia estar ocorrendo e a aconselha, inclusive, a cauterizar a própria ferida. Na mensagem (ouça abaixo), é possível ouvir Denis ensinando a técnica para acelerar o processo de cicatrização.
Ele conclui: “Mas você tem que drenar o excesso, tomar o antibiótico, colocar o curativo, e eu vou te acompanhando nesse processo”.
Além de ser preso nessa quinta (19), o médico teve o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). “O processo ético-profissional ao qual ele respondia foi concluído, com a decisão de cassação do exercício profissional, que deve ser, obrigatoriamente, submetida ao Conselho Federal de Medicina (CFM). Estão sendo cumpridos os prazos e as etapas administrativas previstas na legislação competente”, informou a instituição, em nota.







“Fatalidade”
Meia hora antes de ser preso, Denis Furtado postou um vídeo no Instagram. Na gravação, intitulada Parte 1, ele trata a morte da bancária como uma “fatalidade”. Para Alessandro Jamberci, 41 anos, enteado de Lilian, o fato de Denis estar atrás das grades é um alívio para a família.
“Sem estrutura”
Uma ex-funcionária de Denis disse ter trabalhado durante 15 dias com “Dr. Bumbum” em um escritório na QI 11 do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Ela afirmou ter ficado “assustada” com o que viu. Por exemplo, a moça, de 28 anos, achou estranha a forma como ele guardava os materiais usados nas pacientes.
“Tudo amontoado. Atendia em um escritório, um lugar sem estrutura física. Além disso, ele me falou que eu iria ajudá-lo nos procedimentos”, ressaltou a mulher. Ela é recepcionista, e não tem qualquer formação na área de saúde.
A funcionária era proibida de emitir nota fiscal. Outro fato que lhe causou estranheza: “Dr. Bumbum” só atendia clientes durante a noite. “Perguntei se ele não tinha medo de acontecer como no caso de Andressa Urach [ex-modelo] e ele ficou enfurecido. Disse que eu estava confundindo as coisas. Pedi para sair. Não recebi nada”, afirmou a ex-auxiliar do médico.