A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) propôs a venda de produtos à base de cannabis medicinal em farmácias de manipulação, ampliando o acesso para pacientes que necessitam desse tipo de tratamento. A sugestão faz parte de uma nova proposta regulatória que será submetida à consulta pública antes de uma eventual implementação.
Atualmente, os produtos derivados de cannabis podem ser adquiridos apenas mediante prescrição médica e são vendidos exclusivamente em farmácias convencionais ou por meio de importação. A mudança permitiria que farmácias de manipulação produzissem e comercializassem esses produtos, oferecendo uma alternativa potencialmente mais acessível para os pacientes.
Outra exigência apresentada pela Anvisa na proposta é a garantia de que os produtos tenham pelo menos 98% de pureza. Esse critério visa assegurar a qualidade e a segurança dos medicamentos manipulados, garantindo que os pacientes recebam compostos com alta padronização e sem contaminações. A pureza elevada é um fator essencial para evitar riscos à saúde e manter a eficácia do tratamento.
A inclusão das farmácias de manipulação no mercado de cannabis medicinal pode trazer benefícios como maior oferta, redução de preços e facilidade no acesso ao tratamento. Atualmente, muitas famílias enfrentam dificuldades para obter esses produtos devido aos altos custos e à burocracia da importação.
Especialistas em saúde destacam que, caso aprovada, a medida poderá beneficiar pacientes com diversas condições médicas, como epilepsia refratária, dores crônicas, esclerose múltipla, autismo e outras enfermidades que já possuem respaldo científico para o uso da cannabis medicinal. Médicos e entidades do setor defendem que a ampliação da regulamentação pode contribuir para um tratamento mais acessível e eficaz.
Por outro lado, o tema ainda gera debates no Brasil. Setores mais conservadores argumentam que a regulamentação deve ser rigorosa para evitar desvios e uso indevido dos produtos à base de cannabis. Além disso, há preocupações sobre a fiscalização das farmácias de manipulação para garantir que a produção siga as normas sanitárias estabelecidas.
A Anvisa abrirá uma consulta pública para receber sugestões e opiniões da sociedade sobre a proposta. Esse processo permitirá que especialistas, profissionais de saúde, pacientes e demais interessados possam contribuir para a decisão final da agência reguladora.
Caso a medida seja aprovada, o Brasil poderá dar um passo importante na democratização do acesso à cannabis medicinal, possibilitando que mais pessoas tenham acesso a tratamentos seguros e eficazes. A expectativa é que a discussão avance nos próximos meses, acompanhando as tendências de outros países que já adotaram regulamentações semelhantes.