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Uma espécie de cemitério indígena, com nove urnas funerárias enterradas há cerca de 500 anos, foi encontrado por arqueólogos em expediçăo na comunidade Tauary, Amazonas. As urnas estavam enterradas a uma profundidade de 40 centímetros da superfície, dentro de uma área de quatro metros quadrados, nas imediaçőes da escola comunitária.
No Brasil, é a primeira vez que cientistas localizam e escavam urnas funerárias da chamada Tradiçăo Polícroma da Amazônia, diretamente do solo. A expediçăo foi coordenada por pesquisadores do Instituto Mamirauá.
“A Tradiçăo Policroma da Amazônia é um estilo que tem larga abrangência nas terras baixas da América do Sul, presente em um eixo oeste-leste desde o sopé (das Cordilheiras) dos Andes até a boca do rio Amazonas e também é vista nos afluentes do rio Amazonas/Solimőes”, afirma a pesquisadora Márjorie Lima, do Laboratório de Arqueologia do Instituto Mamirauá.
A carência de vestígios, como a terra de índio (solo muito fértil e característico de antigas ocupaçőes humanas na Amazônia), e fragmentos de cerâmica indicam que aquela seria uma área específica do sítio arqueológico, possivelmente reservada ao enterro de corpos, como um cemitério da antiga sociedade que ali vivia.
“As urnas funerárias fazem parte das práticas mortuárias de muitos grupos indígenas. Elas eram mais comuns no passado, e ainda há relatos de alguns sepultamentos em épocas recentes sendo feitos em urnas, mas também em cestarias ou redes. Elas săo muito variadas e estăo intimamente ligadas às crenças e religiőes praticadas, parecido com o que é praticado nos cemitérios das cidades”, ressalta Anne Rapp Py-Daniel, arqueóloga e especialista no estudo de urnas arqueológicas na Amazônia, que também participou das escavaçőes.
A escavaçăo também revelou sinais de uma sociedade ainda mais antiga que aquela que produziu as urnas funerárias. Săo fragmentos de cerâmica que pertencem a um grupo que habitou a mesma regiăo, mas em um tempo diferente. “A urnas do Tauary săo próximas ao ano 1500 depois de Cristo. Mas essa outra cerâmica encontrada aparenta ser muito mais antiga, com uma diferença de 40 centímetros de profundidade em relaçăo ao período das urnas, o que indica uma passagem grande de tempo”, aponta o arqueólogo Eduardo Kazuo.
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Fonte: Brasil