Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, é o grande campeão quando o assunto são as piores linhas de ônibus municipais. Segundo um ranking divulgado pela Secretaria municipal de Transportes, que listou as linhas com mais reclamações, os coletivos que têm o ponto final ou inicial no bairro ocupam metade da lista. Os aspectos observados pela pasta são a conduta dos motoristas, cobradores, ficais e despachantes; o estado de conservação dos veículos; e outras irregularidades, como escassez de carros, intervalos e superlotação.
— Todo dia é um desafio enfrentar esses ônibus e suportar uma viagem desgastante. Os carros estão com o ar-condicionado sem funcionar, com os bancos sujos e as janelas quebradas. Já reclamamos várias vezes, mas nada foi feito até agora. Quem sofre somos nós, cidadãos — destaca o aposentado José Silva, de 63 anos, que usa diariamente a linha 821 (Consórcio Santa Cruz), que faz o trajeto Corcundinha x Campo Grande e ocupa o desonroso primeiro lugar no ranking de linhas com mais queixas sobre conservação.
Outra linha que figura nessa lista é a 822 Corcundinha x Campo Grande (Vila Nova). Segundo relatos de passageiros, os ônibus “fedem a mofo” e viram verdadeiras estufas:
— Toda viagem é esse caos. Carrego até uma toalhinha para secar o rosto do meu filho, que sofre com o calor. A refrigeração nunca funciona, e os ônibus não tem janela. Aí temos que enfrentar essa estufa aqui dentro — afirma a a auxiliar de faxina Adriana dos Santos.
No quesito falta de ônibus, a pior delas, apontada pela prefeitura, é a 828, que vai de Campo Grande a São Jorge. No terminal rodoviário do bairro, onde a linha deveria fazer ponto, fiscais de ônibus e passageiros relatam não ter mais visto a linha. Na sequência vem o 836 (Consórcio Santa Cruz), que faz o itinerário Caboclos x Campo Grande. A espera pelo coletivo, que chega muitas vezes a durar uma hora, a solução é sentar no meio-fio.
— É cansativo, sabe?! Ainda mais quando estamos carregando sacolas de supermercado ou vindo de um dia exaustivo. Já houve vezes de eu desistir e embarcar em outro ônibus, tendo que fazer o resto do trajeto a pé — diz uma passageira, que não quis se identificar, e que, nesta quarta-feira, estava há 45 minutos aguardando a linha que a levaria para casa.
Quem também “cansa de esperar” no ponto é a empresária Crithiane Cruz:
— Já perdi uma audiência no Fórum de Campo Grande porque o ônibus não passava de jeito nenhum. Às vezes a solução é pegar um carro por aplicativo, que sai mais caro.