As gestantes que procuraram ontem o Hospital municipal Rocha Faria, em Campo Grande, ficaram sem atendimento. A maternidade foi totalmente fechada. No sábado, um médico ainda estava de plantão no setor, apesar de não ter material para fazer partos. Ontem, nem obstetra havia. A Secretaria municipal de Saúde informou que os profissionais pediram demissão. Grávidas, algumas até com contrações, tiveram que pegar ônibus em busca de outra unidade de saúde, apesar de a prefeitura informar que havia ambulâncias disponíveis para fazer transferências.
— Estou grávida de um mês e pouco. A funcionária disse que não pode atender porque não tem médico. Agora, preciso pegar o ônibus e procurar uma outra maternidade. Estou com muita dor — contou Jaiane dos Santos, de 23 anos, ao sair do Rocha Faria.
O hospital está há meses mergulhado numa crise. No fim do ano passado, o prefeito Marcelo Crivella decidiu afastar a organização social Iabas, da administração da unidade, que passará a ser gerida pela empresa pública municipal RioSaúde, a partir do próximo dia 12. Com cerca de R$ 16 milhões atrasados a receber da prefeitura, a OS deixou de oferecer exames de rotina, como ultrassonografia e tomografia. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Rio, o hospital enfrenta a falta de antibióticos e anticoagulantes, e os funcionários ainda não receberam o 13° de 2017.
Ontem, Silvana Monteiro, de 49 anos, estava no hospital com o filho.
— Ele está no soro, com muita dor. Está com suspeita de infecção urinária, mas não consegue fazer uma tomografia aqui para confirmar. Já foi ao Pedro II, em Santa Cruz (da rede municipal), e também não tinha o aparelho. Voltou hoje para cá por causa da dor, mas vai ter que procurar outro lugar