Na madrugada desta segunda-feira, um intenso confronto entre grupos milicianos deixou os moradores do conjunto João 23, em Santa Cruz, em pânico. Segundo informações preliminares, a milícia comandada por Waguinho avançou contra o grupo de Zinho, que controlava a região. O embate resultou em mais de duas horas de tiroteio, forçando a fuga de uma das facções rivais.
De acordo com relatos de moradores, o confronto começou por volta de 2h da manhã, quando homens fortemente armados invadiram o conjunto habitacional. Os criminosos ligados a Waguinho surpreenderam a milícia rival, resultando em uma troca de tiros intensa. As primeiras informações indicam que o grupo conhecido como GAT do Naval, que faz parte da milícia de Zinho, não conseguiu conter o avanço e teve que recuar, abandonando temporariamente a área.
O barulho dos disparos foi ouvido em diversas partes do bairro, causando desespero entre os moradores, que precisaram se abrigar em suas casas sem poder sair. Relatos indicam que tiros atingiram veículos e fachadas de comércios locais, além de postes de energia, deixando parte da região sem luz.
Moradores vivem clima de terror
Santa Cruz tem sido palco de constantes disputas territoriais entre grupos milicianos que brigam pelo controle de áreas lucrativas ligadas à extorsão de comerciantes, venda ilegal de gás e sinal clandestino de internet e TV a cabo. A guerra entre as facções de Waguinho e Zinho se intensificou nos últimos meses, com diversos relatos de confrontos, homicídios e ameaças contra moradores e comerciantes da região.
“Foi assustador. Os tiros não paravam, e a gente não sabia o que fazer. Ficamos todos no chão, sem poder sequer olhar pela janela,” relatou um morador que preferiu não se identificar por medo de represálias. “A gente vive refém dessa guerra, sem saber o que vai acontecer amanhã.”
Ação da polícia e investigações em andamento
A Polícia Militar foi acionada, mas segundo informações de fontes locais, as equipes que patrulham a região chegaram ao local somente após o término do confronto. Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) estão investigando o caso e analisando imagens de câmeras de segurança para identificar os envolvidos.
Apesar da gravidade da situação, até o momento não há informações oficiais sobre mortos ou feridos no tiroteio. A polícia também realiza buscas na área para localizar armas e outros indícios que possam auxiliar nas investigações.
Região em alerta
O bairro de Santa Cruz tem sido um dos principais campos de batalha entre milícias rivais na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A disputa pelo domínio de territórios lucrativos tem levado a uma escalada da violência, impactando diretamente a vida da população. Comerciantes relatam que são obrigados a pagar taxas exorbitantes para manterem seus negócios funcionando, enquanto moradores vivem sob o medo constante de novos ataques.
Especialistas em segurança pública alertam que a falta de uma ação contundente das autoridades contribui para o fortalecimento das milícias, que continuam expandindo suas áreas de influência e adotando táticas cada vez mais violentas para garantir o controle territorial.
Enquanto isso, a população segue em estado de alerta, temendo novos ataques e confrontos. Moradores cobram uma resposta mais efetiva do poder público para conter a violência e garantir a segurança na região.
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento no entorno do conjunto João 23, mas a sensação de insegurança persiste entre os moradores, que temem que novos confrontos possam ocorrer a qualquer momento.