Na manhã desta quarta-feira (22), moradores da Praça Seca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram surpreendidos por uma cena estarrecedora. Um homem desceu a comunidade do Bateau Mouche carregando o corpo da própria mãe, já em avançado estado de decomposição. Segundo relatos, ele tomou essa atitude extrema após solicitar ajuda do Corpo de Bombeiros para a remoção do corpo, mas teve o pedido negado sob a alegação de que a área era considerada de risco.
De acordo com testemunhas, o homem, visivelmente abalado, explicou que ficou sem alternativas após a recusa do resgate. “Eu não sabia mais o que fazer. Liguei várias vezes, implorei, mas disseram que não poderiam subir a comunidade. Minha mãe estava morta há dias dentro de casa, e ninguém me ajudou. Não tive outra escolha”, relatou aos moradores que presenciaram a cena chocante.
A situação gerou revolta entre os moradores da região, que alegam viver em constante abandono por parte das autoridades. “Aqui na Praça Seca é sempre assim. Quando a gente precisa, ninguém aparece. Falam que é área de risco, mas e nós, que moramos aqui? Temos que nos virar sozinhos?”, desabafou um vizinho da vítima.
Bombeiros alegam dificuldades operacionais
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que a região do Bateau Mouche é classificada como área de risco devido à presença de confrontos frequentes entre criminosos e forças de segurança, o que dificulta o acesso das equipes de emergência. No entanto, a corporação afirmou que está analisando o caso para entender as circunstâncias da recusa e se houve falha nos protocolos de atendimento.
Ainda segundo informações extraoficiais, equipes da Polícia Militar precisaram ser acionadas para garantir a segurança da remoção do corpo após o homem trazê-lo até uma área mais acessível.
Problema recorrente na região
O episódio levanta uma questão recorrente em comunidades cariocas: a dificuldade de acesso a serviços públicos essenciais, como saúde, segurança e até mesmo serviços funerários. Moradores da Praça Seca relatam que não é a primeira vez que enfrentam dificuldades para obter assistência em situações de emergência. “Já vimos ambulâncias e viaturas se recusarem a entrar. Quem mora aqui acaba ficando à própria sorte”, comentou uma moradora.
Investigação em andamento
A Polícia Civil informou que está investigando as circunstâncias da morte da idosa e vai apurar se houve negligência por parte dos serviços de emergência. O homem que carregava o corpo prestou depoimento na delegacia da região e aguarda a liberação para providenciar o sepultamento da mãe.
Enquanto isso, a comunidade segue indignada com o ocorrido e espera que as autoridades adotem medidas para garantir que casos semelhantes não voltem a acontecer.
 
			 
			


