A madrugada desta quinta-feira (18) foi marcada por cenas de tensão no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um grupo de milicianos armados e encapuzados invadiu a unidade de saúde com o objetivo de executar Lucas, conhecido como “Japa”, apontado como frente da comunidade Nova Jérsei, em Paciência. O episódio escancara mais uma vez a ousadia das organizações criminosas que dominam territórios e não hesitam em desafiar o Estado, mesmo em locais de atendimento médico.
Segundo informações preliminares, a caçada contra Japa teve início ainda na manhã de quarta-feira (17). Milicianos do grupo chefiado por Varão invadiram a comunidade Nova Jérsei em pelo menos cinco veículos, com o objetivo de eliminar o rival. No confronto, Japa conseguiu escapar, mas deixou para trás um fuzil, o que levantou desconfianças e intrigas dentro de sua própria facção.
Buscando refúgio, o miliciano se escondeu na comunidade do Gouvêia. Porém, o que parecia ser um abrigo seguro rapidamente se transformou em uma armadilha. Ainda de acordo com relatos, o próprio grupo aliado teria atirado contra ele, suspeitando que Japa tivesse entregue armamento para os homens de Varão. Baleado com nove disparos, ele foi socorrido e levado às pressas para o Hospital Pedro II, onde recebeu atendimento médico emergencial.
Horas depois, já na madrugada desta quinta, a tensão escalou novamente. Um grupo estimado em oito homens armados invadiu o hospital para concluir a execução. De acordo com relatos de funcionários, os criminosos renderam seguranças e avançaram até as áreas internas da unidade em busca do paciente. A ação gerou pânico entre profissionais da saúde e demais pacientes. No entanto, a tentativa foi frustrada e Japa sobreviveu, apesar de ter ficado entre a vida e a morte em pelo menos três ocasiões em menos de 24 horas.
O caso chama atenção não apenas pela brutalidade, mas também pelas conexões do miliciano alvejado. Fontes ligadas às investigações apontam que Japa detém informações privilegiadas sobre a milícia de Zinho, considerado um dos maiores chefes da Zona Oeste. Além disso, ele é descrito como aliado próximo de Zero, figura conhecida que foi expulsa da milícia junto com Matinha após desentendimentos com os líderes PL e Naval. Essa teia de relações indica que Japa pode carregar segredos capazes de abalar ainda mais o equilíbrio interno dessas facções.
A Polícia Civil acompanha o caso por meio da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e investiga a invasão ao hospital, um ataque que expôs a fragilidade da segurança em unidades públicas de saúde e a escalada de violência na Zona Oeste. O clima é de apreensão entre moradores, que temem novos confrontos nos próximos dias, diante da guerra aberta entre grupos rivais.
Em menos de um dia, Japa escapou de três tentativas de homicídio. A sobrevivência dele, até o momento, não só aumenta o risco de novas investidas, como também acirra as disputas dentro e fora da milícia, em um cenário que coloca em xeque a estabilidade de comunidades inteiras da região.