Rio – As escolas particulares do município do Rio puderam voltar a receber alunos nesta quinta-feira (1º), após decisão unânime do Tribunal de Justiça (TJ/RJ), no dia anterior. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), cerca de 20% das instituições retomaram as aulas presenciais. O retorno é opcional e depende dos diretores. Na rede pública, a secretaria estadual de Educação ainda não tem previsão de volta às aulas, mas pretende priorizar alunos do 3º ano do Ensino Médio (de 15 anos a 18 anos), que se preparam para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
A Escola Nova, na Gávea, reabriu as portas na manhã desta quinta-feira para crianças do 1º, 4º, 5º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e para os jovens do 3º ano do Ensino Médio. “O retorno presencial continua sendo voluntário, tanto para as famílias dos alunos quanto para os profissionais. Todos têm a opção do ensino online. Professores acima de 60 anos, grávidas e outros profissionais de situações de risco continuam trabalhando de casa”, informou a instituição, via nota.
Lucas Werneck, diretor do Sinepe-Rio, acredita que o retorno foi de 20%, dentro de um universo de cerca de 2.400 escolas particulares no Rio. Ele acredita que até a semana que vem todas já estarão com aulas presenciais. “As instituições tomaram pé da situação perto das 16h de quarta-feira, se preparando para a parte física. Nem todas tiveram tempo de voltar. O que eu tenho comentado é que no nosso entendimento, todas as escolas já estariam abertas hoje, embora a gente já um número significativo, por volta de 20%”, comentou Werneck.
Há duas semanas, algumas escolas particulares ensaiaram a reabertura, baseadas em uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Mas o município entendia que outra decisão, esta do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), determinava o fechamento. Na última quarta-feira (30), desembargadores da 3ª Câmara Cível do TJ autorizaram, enfim a volta às aulas. Em nota, a Prefeitura afirmou que “são os estabelecimentos privados que decidem se voltam às atividades. A Prefeitura somente autoriza o retorno aos locais do ensino privado, desde que cumprindo as rígidas regras sanitárias”. A rede municipal ainda não tem data definida e depende do aval da secretaria de Saúde.
Professores ainda inseguros para o retorno
Uma assembleia virtual no próximo sábado, convocada pelo Sinpro-Rio (Sindicato dos Professores do município do Rio), vai decidir as os profissionais continuam em estado de greve pela saúde. Por enquanto, a avaliação da classe é de que o retorno põe em risco funcionários e seus familiares. Muitos se sentem pressionados pelos diretores. “A pressão em cima dos professores é muito grande”, comenta Osvaldo Teles, presidente do Sinpro-Rio. “Na assembleia, tudo pode acontecer. Estamos em greve desde julho, e a gente só sai da greve com assembleia. A orientação nossa é que os professores continuem. Os institutos de saúde dizem que o Rio de Janeiro ainda não está seguro. Escolas são aglomerações. É como se fosse milhares de praias abertas ao mesmo tempo. Alguns com mais condições, outros com menos”, opina Teles. O sindicato estima que o Rio conte com 35 mil professores, 18 mil deles sindicalizados.
Médica vê retorno como ‘temerário’
“A retomada das aulas presenciais nas escolas vai exigir um nível de atenção e cuidado que eu, sinceramente, não sei se é possível na rotina de crianças. Quanto menores são as crianças, mais risco, mais difícil é fazer essas crianças usarem a máscara corretamente, manter a máscara ao longo de todo o período escolar, além da lavagem das mãos. Visto que é uma característica da criança tocar nos colegas, falar com as mãos, levar a mão à boca. Eu vejo como quase impossível, dentro de uma sala de aula, você conseguir manter o controle total e absoluto nessa situação. Acho temerário o retorno”, explica a médica Roberta França.