Nos últimos dias, três episódios envolvendo esportes de aventura reacenderam o debate sobre a responsabilidade dos instrutores em atividades de risco. Os casos, ocorridos no Brasil e no exterior, mostram que a busca por adrenalina muitas vezes esbarra na negligência e na falta de preparo de quem deveria garantir a segurança dos praticantes.
Na última semana, em Copacabana (RJ), um grupo de cerca de 70 pessoas praticava stand up paddle quando foi surpreendido por uma mudança repentina nas condições climáticas. Um forte vento arrastou os praticantes para longe da costa, gerando momentos de desespero no mar. O Corpo de Bombeiros precisou ser acionado e, após uma operação complexa, todos foram resgatados com vida. Apesar do final sem vítimas, o episódio expôs uma grave falha: o instrutor responsável não possuía equipamentos de segurança nem um plano de contingência em caso de emergência. A ausência de rádio comunicador, coletes suficientes e embarcação de apoio levantou questionamentos sobre a qualificação e os protocolos adotados por profissionais da área.
Poucos dias antes, no interior de São Paulo, uma tragédia muito mais grave ocorreu. Um balão tripulado sobrevoava a cidade de Botucatu levando dezenas de pessoas, quando pegou fogo em pleno ar. O resultado foi catastrófico: oito pessoas morreram, entre elas turistas que buscavam uma experiência única nas alturas. O mais surpreendente foi que o instrutor, que comandava o balão, sobreviveu sem ferimentos significativos. Familiares das vítimas acusam a empresa de não cumprir protocolos básicos de segurança e de superlotação da aeronave.
O terceiro caso, de repercussão internacional, envolve a brasileira Juliana Marins, jovem aventureira que viajou à Indonésia para realizar a escalada de um vulcão. Juliana caiu em uma encosta e morreu dias depois, sem socorro imediato. Segundo relatos de pessoas próximas e publicações nas redes sociais, o instrutor responsável a teria abandonado no local, alegando impossibilidade de realizar o resgate por conta própria. Curiosamente, o corpo só foi retirado após a confirmação de sua morte, o que intensificou a revolta de familiares e internautas que questionam se o resgate não poderia ter sido feito a tempo.
Esses três episódios expõem a mesma raiz do problema: a falta de preparo, despreparo técnico e, em alguns casos, negligência grave por parte de profissionais que deveriam garantir a segurança dos aventureiros. Com a popularização dos esportes radicais e de aventura, é urgente que autoridades, empresas e órgãos de regulamentação exijam formação adequada, protocolos rígidos e fiscalização constante.
Mais do que aventura, essas práticas envolvem vidas humanas, e cada falha pode ser fatal. A empolgação não pode substituir a responsabilidade. O esporte radical deve ser sinônimo de superação, não de tragédia anunciada.