O tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou o monitoramento da rotina do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A revelação veio à tona após o sigilo de sua delação premiada ser retirado, no contexto da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e mais 33 investigados na trama golpista.
O monitoramento das atividades de Moraes já havia sido noticiado em 2023, quando a Polícia Federal (PF) indiciou os acusados. Agora, a PGR incluiu a acusação formalmente e a encaminhou ao Supremo Tribunal Federal.
Nos depoimentos, Mauro Cid relatou que a ordem para acompanhar os passos do ministro partiu diretamente de Bolsonaro, que usava o codinome “professora” para se referir a Moraes.
“Indagado quem solicitou ao colaborador que fizesse o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, respondeu que foi o próprio presidente da República Jair Bolsonaro quem pediu para verificar a posição, localização do ministro”, disse Cid.
O Motivo do Monitoramento
Segundo Cid, Bolsonaro desejava confirmar se Moraes teria um encontro com o então vice-presidente Hamilton Mourão. Um dos pedidos de monitoramento ocorreu em dezembro de 2022, próximo ao fim do mandato do ex-presidente.
“Indagado sobre o motivo da determinação feita pelo então presidente Jair Bolsonaro para que fosse realizado o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, respondeu que um dos motivos foi o fato de que o então presidente havia recebido uma informação de que o general Mourão estaria se encontrando com o ministro Alexandre de Moraes, em São Paulo”, detalhou Cid.
Plano para Assassinato de Lula, Alckmin e Moraes
A denúncia da PGR também traz outra revelação grave: Bolsonaro estava ciente e concordou com o planejamento de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o plano, batizado de “Punhal Verde Amarelo”, foi arquitetado e chegou ao conhecimento de Bolsonaro enquanto ele ainda estava na presidência.
A Defesa de Bolsonaro
Em resposta às acusações, o advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, divulgou uma nota oficial. Ele negou qualquer envolvimento do ex-presidente com iniciativas contra o Estado Democrático de Direito.
“O ex-presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”, afirmou Bueno.
A denúncia formal da PGR agora será analisada pelo Supremo Tribunal Federal, e os próximos passos da investigação poderão definir o futuro político e judicial de Bolsonaro e seus aliados.