Em uma decisão que sacudiu os bastidores da política e do empresariado brasileiro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, nesta terça-feira (2), tornar inelegíveis até 2028 o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, e dois políticos do Rio Grande do Sul: o atual prefeito de Santa Rosa, Anderson Mantei (PP), e seu antecessor, Alcides Vicini (PP).
A decisão foi tomada por maioria dos ministros do TSE e representa mais um capítulo polêmico no embate entre figuras influentes do setor empresarial e o Judiciário. Hang, conhecido por suas declarações polêmicas e por seu apoio a pautas conservadoras, viu sua trajetória política interrompida por, ao menos, os próximos três anos. A medida ainda impede qualquer tentativa de candidatura até o próximo ciclo eleitoral presidencial.
Segundo o TSE, a decisão foi motivada por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022. O empresário e os dois políticos foram acusados de promover ações que, de acordo com o Ministério Público Eleitoral, comprometeram a lisura e a igualdade do processo eleitoral no município gaúcho. Entre as acusações, estão o uso indevido de meios de comunicação e a promoção irregular de candidaturas.
Luciano Hang, frequentemente chamado de “Véio da Havan”, é uma figura amplamente conhecida no cenário político e empresarial do Brasil. Comandando uma das maiores redes varejistas do país, ele se tornou um personagem ativo nos debates políticos dos últimos anos, especialmente por seu apoio incondicional ao ex-presidente Jair Bolsonaro e suas frequentes críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao próprio TSE.
A inelegibilidade de Hang reacende o debate sobre o limite entre liberdade de expressão e responsabilidade no uso de influência econômica e midiática em processos eleitorais. Seus apoiadores classificam a decisão como uma perseguição política, enquanto os defensores da medida destacam a necessidade de preservar a integridade do processo democrático.
Já Anderson Mantei e Alcides Vicini, ambos filiados ao Progressistas (PP), foram penalizados por ações que, segundo o julgamento, beneficiaram diretamente candidaturas aliadas através de esquemas de favorecimento e uso da máquina pública. A cidade de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, foi o epicentro da disputa que culminou com a decisão desta semana.
A repercussão foi imediata. Enquanto opositores comemoraram a decisão como uma vitória da justiça eleitoral, aliados de Hang e dos políticos gaúchos reagiram com indignação nas redes sociais. A defesa dos três já sinalizou que pretende recorrer da decisão, embora especialistas afirmem que as chances de reversão no próprio TSE são remotas.
Com essa decisão, o cenário político para 2026 sofre um abalo considerável, especialmente entre os grupos de direita mais alinhados ao bolsonarismo. A exclusão de Luciano Hang da corrida eleitoral é vista como um golpe para eventuais planos de entrada definitiva na política institucional.
A pergunta que fica é: até onde vai a tensão entre poder econômico, influência política e o rigor da Justiça Eleitoral no Brasil?