O clima político no Brasil ganhou novos contornos nesta quarta-feira (17), após o jornal O Globo, um dos veículos mais influentes do país, publicar uma análise apontando que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode estar a, no máximo, 60 dias da prisão. Segundo a reportagem, a contagem regressiva já começou — e a previsão do jornal é de que o julgamento do ex-mandatário seja finalizado até setembro deste ano pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
A análise considera o cronograma oficial do processo em que Bolsonaro é réu por envolvimento em um suposto esquema de falsificação de cartões de vacinação, além de outras condutas investigadas durante sua gestão e após o término de seu mandato.
De acordo com a matéria publicada por O Globo, a ação se encontra em fase final. Faltam apenas 30 dias para a entrega das alegações finais, uma etapa que antecede diretamente o julgamento no STF. O prazo é dividido em duas partes: 15 dias para a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos principais delatores da trama, e mais 15 dias para os demais réus, incluindo Bolsonaro.
Com a finalização dessa fase, o processo será encaminhado para julgamento na Primeira Turma do STF, formada por cinco ministros. Segundo fontes jurídicas ouvidas pela reportagem, os trabalhos no Supremo vêm ocorrendo de forma célere, o que permitiria um desfecho antes mesmo do final de setembro.
O tom da imprensa: ninguém aposta na inocência
Um dos trechos mais impactantes da matéria destaca o ceticismo generalizado em relação à possibilidade de absolvição do ex-presidente. “Ninguém acredita seriamente que Bolsonaro será inocentado, talvez nem mesmo Donald Trump”, ironiza a publicação. A comparação com o ex-presidente norte-americano, que também enfrenta processos judiciais, reforça o peso político e jurídico do momento vivido por Bolsonaro.
Embora ainda não haja uma decisão final, o que se percebe é que até mesmo setores historicamente simpáticos ao ex-presidente estão receosos quanto ao seu futuro. O ambiente político em Brasília é de tensão, e aliados próximos já falam reservadamente em “preparar o terreno” para uma eventual prisão.
O que está em jogo
Jair Bolsonaro enfrenta uma série de processos, mas o que mais avança no momento é o relacionado à falsificação de dados de vacinação contra a Covid-19. A acusação é grave: segundo o Ministério Público, o ex-presidente teria autorizado ou ao menos consentido com a inserção de dados falsos no sistema oficial do SUS, para evitar restrições sanitárias em viagens internacionais.
Além disso, o nome de Bolsonaro figura em outras investigações — como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o suposto desvio de joias recebidas como presentes oficiais — o que agrava ainda mais seu cenário jurídico.
Prisão à vista?
Caso a Primeira Turma do STF vote pela condenação, Bolsonaro pode ser preso imediatamente, dependendo do teor da sentença. Juristas apontam que, embora o ex-presidente ainda tenha direito a recorrer, uma eventual condenação já representaria o fim de sua liberdade provisória — especialmente se houver risco de obstrução da Justiça ou reincidência.
A possibilidade de prisão do ex-presidente, embora vista por alguns como improvável há alguns anos, agora parece mais real do que nunca. A contagem regressiva iniciada por O Globo é, para muitos, o sinal de que os tempos de impunidade para figuras do alto escalão podem estar chegando ao fim.
Enquanto isso, Bolsonaro segue em silêncio — e a expectativa nacional aumenta a cada novo passo do processo.
Setembro promete ser um mês histórico na política brasileira.