Um novo levantamento da Kaya Mind, empresa especializada em dados e inteligência sobre o mercado da cannabis, revelou que ao menos 2,8 milhões de brasileiros fazem uso regular da maconha com fins recreativos. O número expressivo acende o debate sobre os impactos do consumo, os desafios da regulamentação e, principalmente, o potencial da cannabis para fins medicinais no país.
Além do uso recreativo, o estudo aponta um dado ainda mais relevante do ponto de vista da saúde pública: o Brasil pode ter até 6,9 milhões de pacientes que poderiam se beneficiar de tratamentos com cannabis medicinal, caso o acesso aos medicamentos fosse ampliado e desburocratizado.
Segundo a Kaya Mind, esses pacientes incluem pessoas diagnosticadas com epilepsia refratária, autismo, dores crônicas, ansiedade e Parkinson — doenças cujos sintomas têm apresentado melhora significativa com o uso controlado de compostos da planta, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) em doses terapêuticas.
Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem ganhado espaço e respaldo científico no Brasil, mas o acesso ainda é limitado, seja pelos altos custos, pela burocracia envolvida na importação dos produtos ou pela ausência de uma regulamentação nacional mais abrangente. Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a importação de medicamentos à base de cannabis com prescrição médica, mas o processo ainda é considerado complexo por muitos pacientes e profissionais da saúde.
A Kaya Mind defende que, com a regulamentação adequada, o Brasil tem potencial não só para atender milhões de pacientes, mas também para movimentar uma cadeia produtiva bilionária, gerando empregos, investimentos e arrecadação de impostos. Estimativas do setor apontam que, caso a cannabis fosse legalizada e regulada em suas diversas aplicações (medicinal, industrial e recreativa), o país poderia se tornar um dos principais mercados da América Latina.
Enquanto o debate avança entre especialistas, legisladores e a sociedade, o estudo da Kaya reforça a urgência de uma discussão mais ampla, baseada em evidências científicas, sobre o uso da cannabis no Brasil — tanto para tratar doenças quanto para entender o perfil dos usuários recreativos, garantindo políticas públicas mais eficazes, informadas e menos preconceituosas.