Após posar com pelos nas axilas para capa da revista feminina “Marie Claire” de janeiro, a atriz Bruna Linzmeyer usou as redes sociais para explicar porque abandonou a depilação. E também porque sempre a fez, assim como a maioria das mulheres, que tem o hábito como uma obrigação inerente ao gênero.
“Comecei a fazer depilação com cera muito novinha. Sempre doeu muito, mas sempre achei que aquilo era o certo e o belo a ser feito. Nos últimos anos, entendendo a construção dessa visão me esforcei pra ver os pelos de outros jeitos possíveis. Comecei não julgando as mulheres que tinham pelos, entendendo que cada uma faz o que tem vontade com seu próprio corpo. Depois, aos poucos, comecei a achar libertadora essa vontade e atitude delas.”
“E me perguntei o que realmente queria no meu corpo, nunca antes tinha me feito essa pergunta. Por algumas vezes, respondi a mim mesma que preferia raspar. Estava feliz com minha escolha, mas mais ainda, estava feliz em poder escolher raspar. Porque durante todos aqueles anos não escolhia, só raspava, achava que era obrigatório mulher arrancar os pelos. Comecei então a achar mais que libertador, a achar bonito outras mulheres com pelos. Comecei a olhar para os homens e achar estranha essa diferença só por uma questão de serem homens x mulheres. E continuei me perguntando, feliz com meu poder de me perguntar: o que quero? O que eu gosto?”
“Um dia essa resposta foi diferente. Fiquei com vontade de experimentar ter eles, ver eles em mim, tocar neles enquanto passo creme no corpo, não ter mais que lidar com aquela dor insuportável, nem com o preço da depilação, nem com o tempo gasto nisso, nem com aqueles chatíssimos pelos encravados.”
E de um jeito que não esperava comecei a achar muito bonito pelos em mim também. Aprendi que liberdade e amor é respeitar a escolha das outras pessoas, quando essas escolhas não violentam ninguém. E poder acessar meu coração e responder sem amarras: o que eu quero? O que gosto? De que jeito me sinto bem?”, finalizou o texto, expondo sua visão sobre uma questão que para muitos é visto como banal.
Em à revista, Bruna afirma que não se arrepende de ter assumido seu relacionamento com a artista plástica Priscila Visman. “Claro que perdi contratos por me assumir lésbica, mas também ganhei novas oportunidades. Ou me assumia e vivia a minha vida ou tinha um câncer, tinha depressão. Adoecia. A minha sorte é que, por outro lado, me posicionar aproximou de mim marcas que pensam como eu, que acreditam que o exercício da liberdade é valioso”, afirma a atriz.