Campo Grande, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, é conhecido por ter sido um grande produtor de laranjas, principalmente entre as décadas de 1920 e 1940. O período áureo do bairro é representado em forma de uma escultura, localizada no Centro de Campo Grande, próximo ao Hospital Rocha Faria.
Porém, o bairro mais populoso da cidade já possuiu um importante ciclo da cana de açúcar e produções de café, e outras culturas de cultivos, lavouras alternativas. Entre os séculos XVII e XIX, assim como em todo o Brasil, Campo Grande foi “palco” das lavouras de banana, do milho, da mandioca, do mamão, além de verduras e legumes, sendo vitais para o sustento da população. Nesse grande período, os bairros de Campo Grande e Guaratiba possuíam um grande número de casas de farinha. A batata-inglesa também era cultivada no bairro. Já o arroz e o feijão não era uma cultura presente, porém cultivados no bairro de Santa Cruz.
Na Fazenda do Mendanha desenvolveu-se plantações de anil, sendo um dos principais pontos encontrados no Rio de Janeiro, influenciada pelo Pe. Antônio do Couto da Fonseca. Porém, essa cultura não durou muito.
É bom lembrar que nas planícies de Campo Grande predominava uma vegetação rasteira, conhecida como capoeira, sendo formada de gramíneas de baixo porte. É provável que o nome da vegetação, capoeira, influenciou na denominação da Estrada das Capoeiras. Essa gramínea propiciava o aproveitamento da região como pastos naturais.
A pecuária não foi muito intensa, praticamente limitando-se ao fornecimento de força de trabalho, na tração de veículos, montarias, entre outras atividades.
A então Zona Rural também possuiu criação de aves. Na verdade houve um curto ciclo da avicultura em Campo Grande, o qual acabou não vingando pelos seguintes motivos: a alimentação dos aviários vinha de São Paulo, encarecendo a produção, além da queda da produção nos meses quentes.
Assim, essa atividade começou a declinar na década de 1960, logo depois da queda dos laranjais. Alguns criadores buscaram fabricar a alimentação das aves, adquirindo misturadores, produzindo farelo grosso, fubá e milho moído. Assim, passou a ser comum o arrendamento das instalações e da mão-de-obra de granjas por parte dos abatedouros, com estes pagando aos proprietários sobre o produto final, garantindo os frangos necessários para sua manutenção.
Além disso, a cama seca, constituída por aparas de madeira, retirada dos galpões após o crescimento e venda dos frangos, era um ótimo adubo, vendido a agricultores de São Paulo.
À época destacaram-se como importantes locais de avicultura em Campo Grande a Granja 13, na Estrada do Mendanha; A Granja do Bartolomeu, localizada na Estrada do Mato Alto; e o abatedouro do Garcia, na Estrada do Monteiro.
Curiosamente, o bairro, como já citado anteriormente, muito conhecido pelo período da produção de laranjas, também possui uma homenagem à época da avicultura. No Centro de Campo Grande, no chão do Calçadão, estão “desenhadas” imagens de galos, com pedras portuguesas, como mostra a imagem abaixo:
Foto. Crédito: Carlos Eduardo de Souza
A imagem passa despercebida da maioria das pessoas que transitam pelo local, mas com certeza homenageia mais um período relevante da história de Campo Grande. Lembrando que o galo também é o símbolo do Campo Grande Atlético Clube, tradicional clube da Zona Oeste. Porém, nesse caso o motivo é outro, sendo mera coincidência. Ou não?
Bibliografia utilizada: Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. José Nazareth de Souza Fróes e Odaléa Ranauro Enseñat Gelabert. 2005.